Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 9 de novembro de 2024

“Neurose de posssuir”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

"Vindo, porém, uma pobre viúva, lançou dois leptos, que valiam um quadrante. E chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam ofertas no cofre; porque todos deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu sustento.” (Mc 12,42-44)

Hoje temos uma excelente reflexão, inspirada no texto bíblico Mc 12,38-44 (A oferta da pobre viúva). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

 

Por José Antonio Pagola

06 de novembro de 2024

NEUROSE DE POSSUIR

Uma das contribuições mais valiosas do evangelho ao homem contemporâneo é ajudá-lo a viver com um sentido mais humano no meio de uma sociedade doente de “neurose de possessão”.

O modelo de sociedade e de convivência que molda o nosso quotidiano não se baseia no que cada pessoa é, mas no que cada pessoa tem. O importante é “ter” dinheiro, prestígio, poder, autoridade... Quem tem isso avança e tem sucesso na vida. Quem não conseguir nada disso será desclassificado.

Desde os primeiros anos a criança é educada mais para “ter” do que para “ser”. O que importa é que você se treine para amanhã “ter” um cargo, uma renda, um nome, um título. Assim, quase inconscientemente, preparamos as novas gerações para a competição e a rivalidade.

Vivemos num modelo de sociedade que empobrece facilmente as pessoas. A demanda de carinho, ternura e amizade que pulsa em cada ser humano é atendida com objetos. A comunicação é substituída pela posse de coisas.

As pessoas se acostumam a se valorizar pelo que têm. E, desta forma, correm o risco de se tornarem incapazes do amor, da ternura, do serviço generoso, da ajuda solidária, do sentido livre da vida. Esta sociedade não ajuda a crescer na amizade, na solidariedade e na preocupação pelos direitos dos outros.

 É por isso que o convite de Jesus a valorizar a pessoa a partir da sua capacidade de serviço e de solidariedade assume especial relevância nos nossos dias. A grandeza de uma vida é medida, em última análise, não pelo conhecimento que se possui, nem pelos bens que se conseguiu acumular, nem pelo sucesso que se conseguiu alcançar, mas pela capacidade de servir e ajudar os outros a viver de forma mais humana.

Quantas pessoas humildes, como a viúva do Evangelho, contribuem mais para a humanização da nossa sociedade com a sua vida simples de solidariedade e ajuda generosa aos necessitados do que muitos protagonistas da vida social, política ou religiosa, hábeis defensores dos seus interesses, seu protagonismo e sua posição.

32 Tempo Comum – B

(Marcos 12:38-44)

10 de novembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook


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