"Vindo, porém, uma pobre viúva, lançou dois leptos, que valiam um quadrante. E chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam ofertas no cofre; porque todos deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu sustento.” (Mc 12,42-44)
Hoje temos uma excelente reflexão, inspirada no texto bíblico Mc 12,38-44 (A oferta da pobre viúva). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
06 de novembro de 2024
NEUROSE DE POSSUIR
Uma das contribuições mais valiosas do evangelho ao homem contemporâneo é ajudá-lo a viver com um sentido mais humano no meio de uma sociedade doente de “neurose de possessão”.
O modelo de sociedade e de convivência que molda o nosso quotidiano não se baseia no que cada pessoa é, mas no que cada pessoa tem. O importante é “ter” dinheiro, prestígio, poder, autoridade... Quem tem isso avança e tem sucesso na vida. Quem não conseguir nada disso será desclassificado.
Desde os primeiros anos a criança é educada mais para “ter” do que para “ser”. O que importa é que você se treine para amanhã “ter” um cargo, uma renda, um nome, um título. Assim, quase inconscientemente, preparamos as novas gerações para a competição e a rivalidade.
Vivemos num modelo de sociedade que empobrece facilmente as pessoas. A demanda de carinho, ternura e amizade que pulsa em cada ser humano é atendida com objetos. A comunicação é substituída pela posse de coisas.
As pessoas se acostumam a se valorizar pelo que têm. E, desta forma, correm o risco de se tornarem incapazes do amor, da ternura, do serviço generoso, da ajuda solidária, do sentido livre da vida. Esta sociedade não ajuda a crescer na amizade, na solidariedade e na preocupação pelos direitos dos outros.
É por isso que o convite de Jesus a valorizar a pessoa a partir da sua capacidade de serviço e de solidariedade assume especial relevância nos nossos dias. A grandeza de uma vida é medida, em última análise, não pelo conhecimento que se possui, nem pelos bens que se conseguiu acumular, nem pelo sucesso que se conseguiu alcançar, mas pela capacidade de servir e ajudar os outros a viver de forma mais humana.
Quantas pessoas humildes, como a viúva do Evangelho, contribuem mais para a humanização da nossa sociedade com a sua vida simples de solidariedade e ajuda generosa aos necessitados do que muitos protagonistas da vida social, política ou religiosa, hábeis defensores dos seus interesses, seu protagonismo e sua posição.
32 Tempo Comum – B
(Marcos 12:38-44)
10 de novembro
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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