Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 25 de janeiro de 2025

“O primeiro olhar”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito:

O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.” (Lc 4,14-19)

 

Hoje temos uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Lucas 1,1-4; 4,14-21 (Jesus na sinagoga de Nazaré). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

23 Janeiro 2025

O PRIMEIRO OLHAR

O primeiro olhar de Jesus não é direcionado ao pecado das pessoas, mas ao sofrimento que arruína suas vidas. A primeira coisa que toca seu coração não é o pecado, mas a dor, a opressão e a humilhação sofridas por homens e mulheres. Nosso maior pecado é justamente nos fecharmos ao sofrimento dos outros para pensar somente no nosso próprio bem-estar.

Jesus se sente “ungido pelo Espírito” de um Deus que cuida daqueles que sofrem. É esse Espírito que o impulsiona a dedicar toda a sua vida a libertar, aliviar, curar, perdoar: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu. Ele me enviou para levar boas novas aos pobres, proclamar liberdade aos cativos e recuperação da vista aos cegos, para dar liberdade aos oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor.

Este programa de Jesus nem sempre foi o dos cristãos. A teologia cristã tem se concentrado mais no pecado das criaturas do que em seu sofrimento. O conhecido teólogo Johann Baptist Metz denunciou repetidamente essa mudança séria: "A doutrina cristã da salvação dramatizou demais o problema do pecado, ao mesmo tempo em que relativizou o problema do sofrimento". É assim que é. A preocupação com o sofrimento humano muitas vezes foi ofuscada pela atenção à redenção do pecado.

Nós, cristãos, não acreditamos em qualquer Deus, mas naquele Deus que está atento ao sofrimento humano. Em contraste com a “mística de olhos fechados” típica da espiritualidade oriental, centrada principalmente na atenção ao interior, quem segue Jesus sente-se chamado a cultivar uma “mística de olhos abertos” e uma espiritualidade de responsabilidade absoluta. dor daqueles que sofrem.

O cristão verdadeiramente espiritual – “ungido pelo Espírito” – encontra-se, como Jesus, ao lado dos desamparados e humilhados. O que o caracteriza não é tanto a comunicação íntima com o Ser Supremo, mas sim o amor a um Deus Pai que o envia aos seres mais pobres e abandonados. Como recordou o Cardeal Martini, nestes tempos de globalização, o cristianismo deve globalizar sua atenção ao sofrimento dos pobres da Terra.

3º Tempo Comum – C

(Lucas 1,1-4; 4,14-21)

26 de janeiro

José Antonio Pagola

buenasnoticias@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 18 de janeiro de 2025

“Alegria e amor”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

Sua mãe disse aos empregados:< Façam tudo o que ele lhes mandar>". (Jo 2,5)

 

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico

João 2,1-11(Jesus transforma água em vinho). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg


Por José António Pagola

16 de janeiro de 2025

ALEGRIA E AMOR

Segundo o evangelista João, Jesus realizou sinais para dar a conhecer o mistério contido na sua pessoa e para convidar as pessoas a acolherem o poder salvador que Ele trazia consigo. Qual foi o primeiro sinal? Qual é a primeira coisa que devemos encontrar em Jesus?

O evangelista fala de um casamento em Caná da Galileia, uma pequena aldeia nas montanhas, a quinze quilômetros de Nazaré. No entanto, a cena tem um carácter claramente simbólico. Nem a mulher nem o marido têm rosto: não falam nem agem. O único importante é um "convidado" chamado Jesus.

Os casamentos eram a celebração mais esperada e amada entre os habitantes da Galileia. Durante vários dias, familiares e amigos acompanharam os noivos, comendo e bebendo com eles, dançando danças nupciais e cantando canções de amor. De repente, a mãe de Jesus aponta algo terrível: "Já não têm vinho". Como vão continuar a cantar e a dançar?

O vinho é essencial num casamento. Para estas pessoas, o vinho era também o símbolo mais expressivo de amor e alegria. Diz a tradição: "O vinho alegra o coração." A noiva cantou ao seu amado uma bonita canção de amor: "O teu amor é melhor que o vinho". O que pode ser um casamento sem alegria e amor? O que pode ser celebrado com o coração triste e vazio de amor?

No pátio da casa existem "seis jarros de pedra". Eles são enormes. São "colocados ali", de forma fixa. Armazenam "água" para purificação. Representam a piedade religiosa daqueles camponeses que tentam viver "puros" diante de Deus. Jesus transforma a água em vinho. A sua intervenção introduzirá amor e alegria nesta religião. Esta é a sua primeira contribuição.

Como podemos fingir seguir Jesus sem nos importarmos mais com a alegria e o amor entre nós? O que pode ser mais importante do que isto na Igreja e no mundo? De nada servem todos os nossos esforços se não somos capazes de introduzir o amor na nossa religião?

Nada pode ser mais triste do que dizer de uma comunidade cristã: "Já não têm vinho".

2º Tempo Comum – C

(João 2,1-11)

19 de janeiro

José António Pagola

buenasnoticias@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 11 de janeiro de 2025

“Não afogar o amor solidário”, - Reflexão de José Antonio Pagola.

 

Quando todo o povo ia sendo batizado, também Jesus o foi. E estando ele a orar, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e veio do céu uma voz: Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição.”  (Lc 3, 21-22)

 

Festa do Batismo do Senhor

 

A reflexão de hoje é muito necessária e atual. Baseia-se no texto bíblico Lucas 3, 15-16;21-22 (O batismo de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

08 Janeiro 2025

Não afogar o amor solidário

O amor é a energia que dá vida real à sociedade. Em toda civilização há forças que geram vida, verdade e justiça e forças que provocam morte, mentira e indignidade. Nem sempre é fácil detectá-lo, mas na raiz de todos os impulsos de vida está sempre o amor.

É por isso que, quando o amor se afoga numa sociedade, está a afogar-se ao mesmo tempo a dinâmica que leva ao crescimento humano e à expansão da vida. Daí a importância de cuidar socialmente do amor e lutar contra tudo o que pode destruí-lo.

Uma maneira de matar o amor pela raiz é manipular as pessoas. Na sociedade atual proclamam-se em voz alta os direitos da pessoa, mas depois os indivíduos são sacrificados ao desempenho, à utilidade ou ao desenvolvimento do bem-estar. Acontece então aquilo a que o pensador americano Herbet Marcuse chamava de "a eutanásia da liberdade". Cada vez mais pessoas vivem uma «não liberdade confortável, razoável, democrática». Você vive bem, mas sem conhecer a verdadeira liberdade ou o amor.

Outro risco para o amor é o funcionalismo. Na sociedade da eficácia o importante não são as pessoas, mas sim a função que elas exercem. O indivíduo é facilmente reduzido a uma peça da engrenagem: no trabalho é um empregado; no consumo, um cliente; na política, um voto; no hospital, um número de cama... Nesta sociedade, as coisas funcionam; as relações entre as pessoas morrem.

Outra maneira frequente de afogar o amor é a indiferença. O funcionamento da sociedade moderna concentra os indivíduos nos seus próprios interesses. Os outros são uma "abstração". Publicam-se estudos e estatísticas por detrás dos quais se oculta o sofrimento das pessoas específicas. Não é fácil nos sentirmos responsáveis. É a administração pública que tem de se ocupar destes problemas.

O que cada um pode fazer? Perante tantas formas de desamor, o Batista sugere uma posição clara: «Quem tiver duas túnicas, divida-as com quem não tem; e quem tem comida faça o mesmo». O que podemos fazer? Simplesmente compartilhar mais o que temos com aqueles que vivem em necessidade.

José Antonio Pagola

Postado em www.gruposdejesus.com

Fonte: Facebook