“E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito:
O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.” (Lc 4,14-19)
Hoje temos uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Lucas 1,1-4; 4,14-21 (Jesus na sinagoga de Nazaré). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
23 Janeiro 2025
O PRIMEIRO OLHAR
O primeiro olhar de Jesus não é direcionado ao pecado das pessoas, mas ao sofrimento que arruína suas vidas. A primeira coisa que toca seu coração não é o pecado, mas a dor, a opressão e a humilhação sofridas por homens e mulheres. Nosso maior pecado é justamente nos fecharmos ao sofrimento dos outros para pensar somente no nosso próprio bem-estar.
Jesus se sente “ungido pelo Espírito” de um Deus que cuida daqueles que sofrem. É esse Espírito que o impulsiona a dedicar toda a sua vida a libertar, aliviar, curar, perdoar: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu. Ele me enviou para levar boas novas aos pobres, proclamar liberdade aos cativos e recuperação da vista aos cegos, para dar liberdade aos oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor.
Este programa de Jesus nem sempre foi o dos cristãos. A teologia cristã tem se concentrado mais no pecado das criaturas do que em seu sofrimento. O conhecido teólogo Johann Baptist Metz denunciou repetidamente essa mudança séria: "A doutrina cristã da salvação dramatizou demais o problema do pecado, ao mesmo tempo em que relativizou o problema do sofrimento". É assim que é. A preocupação com o sofrimento humano muitas vezes foi ofuscada pela atenção à redenção do pecado.
Nós, cristãos, não acreditamos em qualquer Deus, mas naquele Deus que está atento ao sofrimento humano. Em contraste com a “mística de olhos fechados” típica da espiritualidade oriental, centrada principalmente na atenção ao interior, quem segue Jesus sente-se chamado a cultivar uma “mística de olhos abertos” e uma espiritualidade de responsabilidade absoluta. dor daqueles que sofrem.
O cristão verdadeiramente espiritual – “ungido pelo Espírito” – encontra-se, como Jesus, ao lado dos desamparados e humilhados. O que o caracteriza não é tanto a comunicação íntima com o Ser Supremo, mas sim o amor a um Deus Pai que o envia aos seres mais pobres e abandonados. Como recordou o Cardeal Martini, nestes tempos de globalização, o cristianismo deve globalizar sua atenção ao sofrimento dos pobres da Terra.
3º Tempo Comum – C
(Lucas 1,1-4; 4,14-21)
26 de janeiro
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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