“Quando todo o povo ia sendo batizado, também Jesus o foi. E estando ele a orar, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e veio do céu uma voz: Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição.” (Lc 3, 21-22)
Festa do Batismo do Senhor
A reflexão de hoje é muito necessária e atual. Baseia-se no texto bíblico Lucas 3, 15-16;21-22 (O batismo de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
08 Janeiro 2025
Não afogar o amor solidário
O amor é a energia que dá vida real à sociedade. Em toda civilização há forças que geram vida, verdade e justiça e forças que provocam morte, mentira e indignidade. Nem sempre é fácil detectá-lo, mas na raiz de todos os impulsos de vida está sempre o amor.
É por isso que, quando o amor se afoga numa sociedade, está a afogar-se ao mesmo tempo a dinâmica que leva ao crescimento humano e à expansão da vida. Daí a importância de cuidar socialmente do amor e lutar contra tudo o que pode destruí-lo.
Uma maneira de matar o amor pela raiz é manipular as pessoas. Na sociedade atual proclamam-se em voz alta os direitos da pessoa, mas depois os indivíduos são sacrificados ao desempenho, à utilidade ou ao desenvolvimento do bem-estar. Acontece então aquilo a que o pensador americano Herbet Marcuse chamava de "a eutanásia da liberdade". Cada vez mais pessoas vivem uma «não liberdade confortável, razoável, democrática». Você vive bem, mas sem conhecer a verdadeira liberdade ou o amor.
Outro risco para o amor é o funcionalismo. Na sociedade da eficácia o importante não são as pessoas, mas sim a função que elas exercem. O indivíduo é facilmente reduzido a uma peça da engrenagem: no trabalho é um empregado; no consumo, um cliente; na política, um voto; no hospital, um número de cama... Nesta sociedade, as coisas funcionam; as relações entre as pessoas morrem.
Outra maneira frequente de afogar o amor é a indiferença. O funcionamento da sociedade moderna concentra os indivíduos nos seus próprios interesses. Os outros são uma "abstração". Publicam-se estudos e estatísticas por detrás dos quais se oculta o sofrimento das pessoas específicas. Não é fácil nos sentirmos responsáveis. É a administração pública que tem de se ocupar destes problemas.
O que cada um pode fazer? Perante tantas formas de desamor, o Batista sugere uma posição clara: «Quem tiver duas túnicas, divida-as com quem não tem; e quem tem comida faça o mesmo». O que podemos fazer? Simplesmente compartilhar mais o que temos com aqueles que vivem em necessidade.
José Antonio Pagola
Postado em www.gruposdejesus.com
Fonte: Facebook
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