Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 22 de fevereiro de 2025

“Amor ao inimigo”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

‘Amem, porém, os seus inimigos, façam-lhes o bem e emprestem a eles, sem esperar receber nada de volta. Então, a recompensa que terão será grande e vocês serão filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso para com os ingratos e maus. Sejam misericordiosos, assim como o Pai de vocês é misericordioso”.  (Lc 6, 35-36)

 

Abaixo, uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Lucas 6,27-38 (Amar os inimigos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

19 Fevereiro de 2025

Amor ao inimigo

"A vocês que me ouvem, eu digo: amem os seus inimigos e façam o bem aos que os odeiam." O que nós, crentes, podemos fazer em resposta a essas palavras de Jesus? Suprimi-los do Evangelho? Apagá-los das profundezas da nossa consciência? Deixá-los para tempos melhores?

A atitude básica dos homens em relação ao "inimigo" - isto é, em relação a alguém de quem só podemos esperar algum mal - não muda muito em diferentes culturas. O ateniense Lísias (século V a.C.) expressou o conceito predominante na Grécia antiga com uma fórmula que seria bem-vinda por muitos hoje também: "Considero uma regra estabelecida que se deve tentar prejudicar os inimigos e se colocar a serviço dos amigos".

Por isso, devemos ressaltar ainda mais a importância revolucionária contida no mandamento evangélico do amor ao inimigo, considerado pelos exegetas como o expoente mais claro da mensagem cristã.

Quando Jesus fala em amar o inimigo, ele não está pensando em um sentimento de afeição e amor por ele, mas sim em uma atitude humana de interesse positivo pelo seu bem-estar.

Jesus pensa que uma pessoa é humana quando o amor é a base de todas as suas ações. E mesmo o relacionamento com os inimigos não deve ser exceção. Aquele que é humano até o fim respeita a dignidade do inimigo, não importa quão desfigurada ela possa nos parecer. Ele não adota uma atitude exclusiva de amaldiçoá-lo, mas sim uma atitude de bênção.

E é justamente esse amor, que alcança a todos e busca verdadeiramente o bem de todos, sem exceção, a contribuição mais humana que pode ser introduzida na sociedade por alguém inspirado pelo Evangelho de Jesus.

Há situações em que esse amor ao inimigo parece impossível. Estamos muito feridos para perdoar. Precisamos de tempo para recuperar a paz. É hora de lembrar que nós também vivemos pela paciência e pelo perdão de Deus.

7º Tempo Comum – C

(Lucas 6,27-38)

23 de fevereiro

José Antonio Pagola

buenasnoticias@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 15 de fevereiro de 2025

“Levando os pobres a sério”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

"Olhando para os seus discípulos, ele disse: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus”. (Lc 6, 20)

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 6,17. 20-26 (As bem-aventuranças). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

12 Fevereiro 2025

LEVANDO OS POBRES A SÉRIO

Habituados a ouvir as "bem-aventuranças" tal como aparecem no Evangelho de Mateus, é difícil para os cristãos dos países ricos, ler o texto que Lucas nos oferece. Aparentemente, este evangelista – e não poucos dos seus leitores – pertenciam a uma classe abastada. Contudo, longe de suavizar a mensagem de Jesus, Lucas apresenta-a de uma forma mais provocadora.

Juntamente com as “bem-aventuranças” para os pobres, o evangelista recorda as “desventuras” para os ricos: “Bem-aventurados os pobres... vós que agora tendes fome... vós que agora chorais”. Mas, "ai de vós, que sois ricos... vós que agora estais satisfeitos... vós que agora estais a rir." O Evangelho não pode ser ouvido da mesma forma por todos. Enquanto para os pobres é uma Boa Nova que os convida à esperança, para os ricos é uma ameaça que os chama à conversão. Como podemos ouvir esta mensagem nas nossas comunidades cristãs?

Em primeiro lugar, Jesus coloca-nos perante a realidade mais dolorosa do mundo, aquela que mais o faz sofrer, aquela que mais toca o coração de Deus, aquela que está mais presente diante dos seus olhos. Uma realidade que nós, e principalmente nos países ricos, tentamos ignorar, encobrindo de mil maneiras as mais cruéis injustiças, de que somos em grande parte cúmplices.

Queremos continuar a alimentar o autoengano ou abrir os olhos para a realidade dos pobres? Será que temos mesmo vontade? Será que algum dia levaremos a sério a grande maioria dos que vivem subnutridos e sem dignidade, os que não têm voz nem poder, os que não contam na nossa marcha para o bem-estar?

Nós, cristãos, ainda não descobrimos a importância que os pobres podem ter na história do cristianismo. Dão-nos mais luz do que ninguém para nos vermos na nossa própria verdade, abalam a nossa consciência e convidam-nos à conversão. Podem ajudar-nos a moldar a Igreja do futuro de uma forma mais evangélica. Podem tornar-nos mais humanos: mais capazes de austeridade, solidariedade e generosidade.

A diferença entre ricos e pobres continua a crescer implacavelmente. No futuro será cada vez mais difícil apresentarmo-nos ao mundo como a Igreja de Jesus e ignorar os mais fracos e indefesos da Terra. Ou levamos os pobres a sério ou esquecemos o Evangelho. Nos países ricos será cada vez mais difícil ouvirmos o aviso de Jesus: "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro". Isso tornar-se-á insuportável para nós.

6 Tempo normal – C

(Lucas 6,17.20-26)

16 de fevereiro

José António Pagola

buenasnoticias@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 8 de fevereiro de 2025

“Não tenha medo!” – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

E vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, ausenta-te de mim, que sou um homem pecador. Pois que o espanto se apoderara dele, e de todos os que com ele estavam, por causa da pesca de peixe que haviam feito.

E, de igual modo, também de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. E disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens.

E, levando os barcos para terra, deixaram tudo, e o seguiram.” (Lc 5,8-11)

Hoje temos à disposição uma reflexão muito boa, baseada no texto bíblico Lucas 5,1-11 (A pesca maravilhosa). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook. Muito bom!

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

07 Fevereiro 2025

Não tenha medo

A culpa em si não é algo inventado pelas religiões. Constitui uma das experiências humanas mais antigas e universais. Antes que o sentimento religioso venha à tona, é possível perceber no ser humano aquela sensação de "ter falhado" em alguma coisa. O problema não é a experiência da culpa, mas como lidar com ela.

Existe uma maneira saudável de viver com a culpa. A pessoa assume a responsabilidade por suas ações, lamenta o dano que possa ter causado e se esforça para melhorar seu comportamento no futuro. Experimentada dessa forma, a experiência da culpa faz parte do crescimento da pessoa em direção à maturidade.

Mas também há maneiras prejudiciais de sentir essa culpa. A pessoa se fecha em sua indignidade, alimenta sentimentos infantis de mancha e sujeira, destrói sua autoestima e se anula. O indivíduo se atormenta, se humilha, luta consigo mesmo, mas ao final de todos os seus esforços não se liberta nem cresce como pessoa.

O que é próprio de um cristão é viver sua experiência de culpa diante de um Deus que é amor e somente amor. O crente reconhece que foi infiel a esse amor. Isso dá à sua culpa peso e seriedade absolutos. Mas, ao mesmo tempo, liberta-o de afundar, porque sabe que, mesmo sendo pecador, é acolhido por Deus: nele pode sempre encontrar a misericórdia que salva de toda indignidade e fracasso.

Segundo a história, Pedro, dominado por sua indignidade, joga-se aos pés de Jesus, dizendo: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador". A resposta de Jesus não poderia ter sido outra senão: “Não tenha medo”, não tenha medo de ser pecador e de estar comigo. Este é o destino do crente: ele sabe que é pecador, mas ao mesmo tempo sabe que é aceito, compreendido e amado incondicionalmente por aquele Deus revelado em Jesus.

 

5 Tempo comum – C

(Lucas 5,1-11)

9 de fevereiro

José Antonio Pagola

buenasnoticias@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook