Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 15 de fevereiro de 2025

“Levando os pobres a sério”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

"Olhando para os seus discípulos, ele disse: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus”. (Lc 6, 20)

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 6,17. 20-26 (As bem-aventuranças). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

12 Fevereiro 2025

LEVANDO OS POBRES A SÉRIO

Habituados a ouvir as "bem-aventuranças" tal como aparecem no Evangelho de Mateus, é difícil para os cristãos dos países ricos, ler o texto que Lucas nos oferece. Aparentemente, este evangelista – e não poucos dos seus leitores – pertenciam a uma classe abastada. Contudo, longe de suavizar a mensagem de Jesus, Lucas apresenta-a de uma forma mais provocadora.

Juntamente com as “bem-aventuranças” para os pobres, o evangelista recorda as “desventuras” para os ricos: “Bem-aventurados os pobres... vós que agora tendes fome... vós que agora chorais”. Mas, "ai de vós, que sois ricos... vós que agora estais satisfeitos... vós que agora estais a rir." O Evangelho não pode ser ouvido da mesma forma por todos. Enquanto para os pobres é uma Boa Nova que os convida à esperança, para os ricos é uma ameaça que os chama à conversão. Como podemos ouvir esta mensagem nas nossas comunidades cristãs?

Em primeiro lugar, Jesus coloca-nos perante a realidade mais dolorosa do mundo, aquela que mais o faz sofrer, aquela que mais toca o coração de Deus, aquela que está mais presente diante dos seus olhos. Uma realidade que nós, e principalmente nos países ricos, tentamos ignorar, encobrindo de mil maneiras as mais cruéis injustiças, de que somos em grande parte cúmplices.

Queremos continuar a alimentar o autoengano ou abrir os olhos para a realidade dos pobres? Será que temos mesmo vontade? Será que algum dia levaremos a sério a grande maioria dos que vivem subnutridos e sem dignidade, os que não têm voz nem poder, os que não contam na nossa marcha para o bem-estar?

Nós, cristãos, ainda não descobrimos a importância que os pobres podem ter na história do cristianismo. Dão-nos mais luz do que ninguém para nos vermos na nossa própria verdade, abalam a nossa consciência e convidam-nos à conversão. Podem ajudar-nos a moldar a Igreja do futuro de uma forma mais evangélica. Podem tornar-nos mais humanos: mais capazes de austeridade, solidariedade e generosidade.

A diferença entre ricos e pobres continua a crescer implacavelmente. No futuro será cada vez mais difícil apresentarmo-nos ao mundo como a Igreja de Jesus e ignorar os mais fracos e indefesos da Terra. Ou levamos os pobres a sério ou esquecemos o Evangelho. Nos países ricos será cada vez mais difícil ouvirmos o aviso de Jesus: "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro". Isso tornar-se-á insuportável para nós.

6 Tempo normal – C

(Lucas 6,17.20-26)

16 de fevereiro

José António Pagola

buenasnoticias@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

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