“E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás.” (Lc 4,8)
Abaixo, uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Lucas 4,1-13 (As tentações de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José António Pagola
06 de março de 2025
LUCIDEZ E FIDELIDADE
Não foi fácil para Jesus manter-se fiel à missão recebida do seu Pai sem se desviar da sua vontade. Os Evangelhos recordam a sua luta interior e as provações que ele e os seus discípulos tiveram de superar ao longo da sua vida.
Os mestres da lei perseguiam-no com perguntas capciosas para o obrigar a submeter-se, esquecendo-se do Espírito, que o movia a curar mesmo ao sábado. Os fariseus pediram-lhe que deixasse de aliviar o sofrimento das pessoas e fizesse algo mais espetacular, "um sinal do céu" de proporções cósmicas, com o qual Deus o confirmaria diante de todos.
Tentações vieram-lhe até dos seus discípulos mais amados. Tiago e João pediram-lhe que esquecesse os últimos e pensasse mais em reservar para eles as posições de maior honra e poder. Pedro repreende-o porque está a colocar a sua vida em risco e pode acabar executado.
Jesus sofreu e os seus discípulos também. Nada foi fácil ou claro. Todos tiveram de procurar a vontade do Pai superando provações e tentações de vários tipos. Poucas horas antes de ser preso pelas forças de segurança do templo, Jesus diz-lhes: "Vós sois os que perseverastes comigo nas minhas provações" (Lucas 22:28).
O episódio conhecido como “as tentações de Jesus” é uma história que reúne e resume as tentações que Jesus teve de superar ao longo da sua vida. Embora viva movido pelo Espírito recebido no Jordão, nada o isenta de se sentir atraído por falsas formas de messianismo.
Deve pensar nos seus próprios interesses ou ouvir a vontade do Pai? Deverá impor o seu poder como Messias ou colocar-se ao serviço daqueles que dele necessitam? Deverá ele procurar a sua própria glória ou manifestar a compaixão de Deus para com aqueles que sofrem? Deveria evitar riscos e fugir da crucificação ou entregar-se à sua missão, confiando no Pai?
A história das tentações de Jesus foi registada nos evangelhos para alertar os seus seguidores. Precisamos de ser lúcidos. O Espírito de Jesus está vivo na sua Igreja, mas os cristãos não estão livres de falsificar repetidamente a nossa identidade caindo em múltiplas tentações.
Para seguirmos Jesus fielmente, devemos identificar as tentações que nós, cristãos, temos hoje: a hierarquia e o povo; líderes religiosos e fiéis. Uma Igreja que não tem consciência das suas tentações, em breve falsificará a sua identidade e a sua missão. Não nos está a acontecer algo assim? Não precisamos de mais lucidez e vigilância para não cairmos na infidelidade?
1ª Quaresma – C
(Lucas 4,1-13)
9 de março
José António Pagola
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Fonte: Facebook
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