Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 30 de agosto de 2025

“Gratuito”. – Reflexão do José Antonio Pagola.

 

“Porque quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”. (Lc 14,11)

 

Hoje temos uma ótima reflexão, que tem como a base o texto bíblico Lucas 14,1.7-14 (Os convidados para o banquete do Reino). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

28 de agosto de 2025

GRATUITO

Há uma "bem-aventurança" de Jesus que nós, cristãos, ignoramos. "Quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Bem-aventurados serás se eles não tiverem com que te retribuir." Na realidade, temos dificuldade em compreender estas palavras, porque a linguagem da gratuidade nos parece estranha e incompreensível.

Na nossa "civilização da posse", quase nada é de graça. Tudo se troca, se empresta, se deve ou se exige. Ninguém acredita que "é melhor dar do que receber". Só sabemos prestar serviços pagos e "cobrar juros" por tudo o que fazemos ao longo dos nossos dias.

No entanto, os momentos mais intensos e culminantes da vida são aqueles em que sabemos viver gratuitamente. Só na doação altruísta podemos saborear o verdadeiro amor, a alegria, a solidariedade e a confiança mútua. Gregório de Nazianzo disse que "Deus fez do homem o cantor do seu esplendor", e, certamente, o homem nunca é maior do que quando sabe irradiar amor livre e altruísta.

Não poderíamos ser mais generosos com aqueles que nunca poderão nos retribuir o que fazemos por eles? Não poderíamos estender a mão àqueles que vivem sozinhos e desamparados, pensando apenas no seu bem-estar? Viveremos sempre em busca dos nossos próprios interesses?

Acostumados a perseguir todo o tipo de alegrias e satisfações, ousaremos saborear a felicidade oculta, mas autêntica, que reside em nos entregarmos livremente a quem precisa de nós? Aquele fiel seguidor de Jesus, Charles Péguy, viveu convencido de que, na vida, "quem perde, ganha".

22º Tempo Comum – C

(Lucas 14,1.7-14)

31 de agosto

José Antonio Pagola

buenasnoticias@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 23 de agosto de 2025

“Que tolerância? ” – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

“Pessoas virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e ocuparão os seus lugares à mesa no Reino de Deus. De fato, há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos". (Lc  13, 29-30)

 

Hoje temos uma boa reflexão, baseada no texto bíblico Lucas 13,22-30 (Para Deus a religião não é o mais importante). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Muito bom!

WCejnóg

Por José António Pagola

20 de agosto de 2025

QUE TOLERÂNCIA?

A tolerância ocupa hoje um lugar de destaque entre as virtudes mais valorizadas no Ocidente. Todas as sondagens o confirmam. Ser tolerante é um valor social cada vez mais generalizado nos dias de hoje. As gerações mais jovens não podem tolerar mais a intolerância ou o desrespeito pelo próximo.

Devemos celebrar este novo clima social após séculos de intolerância e violência, muitas vezes perpetradas em nome da religião ou do dogma. Como estremece hoje a nossa consciência ao ler obras como o excelente romance "O Herege", de Miguel Delibes, e que alegria experimentam os nossos corações com o seu apaixonado hino à tolerância e à liberdade de pensamento.

Tudo isto não nos impede de criticar um tipo de "tolerância" que, mais do que uma virtude ou um ideal humano, é um desinteresse pelos valores e uma indiferença pelo sentido de qualquer projecto humano: cada um pode pensar o que quiser e fazer o que quiser, pois pouco importa o que uma pessoa faz com a sua vida. Esta "tolerância" surge quando faltam princípios claros para distinguir o bem do mal, ou quando as exigências morais são diluídas ou reduzidas ao mínimo.

A verdadeira tolerância não é "niilismo moral", nem cinismo ou indiferença pela actual erosão dos valores. É o respeito pela consciência alheia, a abertura a todos os valores humanos e o interesse por aquilo que torna os seres humanos mais dignos desse nome. A tolerância é um grande valor não porque não exista uma verdade objetiva ou moral, mas porque a melhor forma de a abordar é através do diálogo e da abertura mútua.

Quando isso não acontece, é logo desmascarada. A tolerância é presumida, mas são reproduzidas novas exclusões e discriminações; afirma-se o respeito por todos, mas aqueles que causam problemas são desqualificados e ridicularizados. Como explicar que, numa sociedade que se proclama tolerante, a xenofobia ressurja ou se fomente o escárnio religioso?

No cerne da verdadeira tolerância está o desejo de procurar sempre o melhor para a humanidade. Ser tolerante é dialogar, procurar em conjunto, construir um futuro melhor sem desconsiderar ou excluir ninguém, mas não é irresponsabilidade, abandono de valores ou negligência de exigências morais. O chamamento de Jesus para entrar pela "porta estreita" nada tem a ver com um rigorismo tenso e estéril. É um apelo a viver sem esquecer as exigências, por vezes urgentes, de qualquer vida digna de ser humano.

21º Tempo Comum – C

(Lucas 13,22-30)

24 de agosto

José António Pagola

buenasnoticias@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

 

sábado, 16 de agosto de 2025

“O fogo do amor”. – Reflexão de José Antonio Pagola


“Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! ”.  (Lc 12, 49)

Abaixo, uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Lucas 12,49-53 (Fogo de amor). 

É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a conferir!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

13 Agosto 2025

O FOGO DO AMOR

A palavra "amor" é assustadora de se dizer. É tão prostituída que abrange o melhor e o pior, o mais sublime e o mais vil. No entanto, o amor está sempre na fonte de toda a vida saudável, despertando e fazendo crescer o melhor dentro de nós.

Quando falta o amor, falta o fogo que impulsiona a vida. Sem amor, a vida esvai-se, vegeta e, por fim, extingue-se. Quem não ama torna-se cada vez mais retraído e isolado. Gira loucamente em torno dos seus problemas e ocupações, fica preso nas armadilhas do sexo e cai na rotina do trabalho diário: falta-lhe a força motriz que impulsiona a vida.

O amor está no centro do Evangelho, não como uma lei a seguir com disciplina, mas como o "fogo" que Jesus deseja ver "arder" na Terra, para além da passividade, da mediocridade ou da rotina da boa ordem. Segundo o Profeta da Galileia, Deus está próximo de nós, procurando fazer germinar, crescer e dar fruto o amor e a justiça do Pai. Esta presença de um Deus que não fala de vingança, mas de amor apaixonado e de justiça fraterna, é o aspecto mais essencial do Evangelho.

Jesus vê o mundo repleto da graça e do amor do Pai. Esta força criadora é como um pequeno fermento que deve fermentar a massa, um fogo ardente que incendiará o mundo inteiro. Jesus sonha com uma família humana habitada pelo amor e pela sede de justiça. Uma sociedade que procura apaixonadamente uma vida mais digna e feliz para todos.

O grande pecado dos seguidores de Jesus será sempre deixar apagar o fogo: substituir o ardor do amor pela doutrina religiosa, pela ordem ou pelo cuidado do culto; reduzir o cristianismo a uma abstração disfarçada de ideologia; permitir que o seu poder transformador se perca. No entanto, a preocupação primordial de Jesus não era organizar uma nova religião ou inventar uma nova liturgia, mas sim promover um "novo ser" (P. Tillich), o nascimento de um novo homem, radicalmente movido pelo fogo do amor e da justiça.

20º Tempo Comum – C

(Lucas 12,49-53)

17 de agosto

José António Pagola

buenasnoticias@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

  

sábado, 9 de agosto de 2025

“Não viva adormecido”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

‘Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa e, chegando-se, os servirá”. (Lc 12,37)

Hoje temos uma ótima reflexão, que tem como a base o texto bíblico Lucas

12,32-48  (Apelo de Jesus à vigilância). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José António Pagola

6 de agosto de 2025

NÃO VIVA ADORMECIDO

Um dos riscos que nos ameaça hoje é cair numa vida superficial, mecânica, rotineira e superlotada...  Não é fácil escapar. Com o passar dos anos, os projetos, objetivos e ideais de muitas pessoas acabam por se desvanecer. Não são poucos os que acabam por se levantar todos os dias apenas para se "desenrascar".

Onde podemos encontrar um princípio humanizador, desalienador, capaz de nos libertar da superficialidade, da sobrelotação, da perplexidade ou do vazio interior?

A insistência com que Jesus fala da vigilância é surpreendente. Podemos dizer que entende a fé como uma atitude vigilante que nos liberta da falta de sentido que domina muitos homens e mulheres, que caminham pela vida sem meta ou objetivo.

Habituados a viver a fé como uma tradição familiar, uma herança ou apenas mais um costume, não conseguimos descobrir todo o poder que ela contém para nos humanizar e dar um novo sentido às nossas vidas. Por isso, é triste observar como tantos homens e mulheres abandonam uma fé vivida de forma inconsciente e irresponsável para adoptarem uma atitude de descrença tão inconsciente e irresponsável como a sua posição anterior.

O apelo de Jesus à vigilância convoca-nos a despertar da indiferença, da passividade ou do descuido com que muitas vezes vivemos a nossa fé. Para a vivermos com lucidez, precisamos de a compreender mais profundamente, compará-la com outras atitudes possíveis perante a vida, ser gratos por ela e procurar vivê-la com todas as suas consequências.

A fé, então, é a luz que inspira os nossos critérios de ação, a força que impulsiona o nosso compromisso com a construção de uma sociedade mais humana, a esperança que anima toda a nossa vida quotidiana.

19º Tempo Comum – C

(Lucas 12,32-48)

10 de agosto

José António Pagola

buenasnoticias@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook