Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Não perder a identidade. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!


“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”. (Jo 13, 35)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania é de autoria do teólogo espanhol José Antônio Pagola. Considero ela muito interessante e, sobretudo, bem atual para os cristãos de hoje. Tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 13,31-33a.34-35 (Jesus deixa aos seus discípulos  um novo mandamento: “Amai-vos uns aos outros”).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Não deixe de ler.
WCejnog

 

IHU - Notícias
sexta, 22 de abril de 2016.

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo João 13, 31-33a.34-35 que corresponde ao Quinto Domingo de Páscoa, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto.

Jesus se despede de seus discípulos. Em pouco tempo, já não estará mais com eles. Jesus fala-lhes com uma ternura especial: “Filhinhos: vou ficar com vocês só mais um pouco”. A comunidade é pequena e frágil. Acaba de nascer. Os discípulos são como crianças pequenas. Que acontecerá com eles se ficarem sem o Mestre?

Jesus lhes dá um presente: “Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros”.  Se eles se amarem entre eles com o amor que Jesus os amou, Jesus continuará presente no meio deles. O amor que receberam de Jesus continuará difundindo-se entre os seus.

Por isso Jesus acrescenta: “Se tiverem amor uns para com outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos”. O que permitirá descobrir que uma comunidade que se diz cristã é realmente de Jesus, não será a confissão de uma doutrina, nem a observância de uns ritos, nem o cumprimento de uma disciplina, mas o amor vivido com o espirito de Jesus. Nesse amor está sua identidade.

Vivemos numa sociedade onde foi se impondo a “cultura dos intercâmbios”. As pessoas intercambiam objetos, serviços e prestações. Com frequência, intercambiam também sentimentos, corpos e até amizade. “Eric Fromm chegou a dizer que o amor é um fenômeno marginal na sociedade contemporânea”. As pessoas capazes de amar são uma exceção.

Provavelmente esta seja uma análise excessivamente pessimista, mas o certo é que para viver hoje o amor cristão é necessário resistir-se a atmosfera que envolve a sociedade atual.  Não é possível viver um amor inspirado por Jesus sem tomar distância do estilo de relações e intercâmbios interessados que predominam com frequência entre nós.

Se a Igreja está se diluindo no meio da sociedade contemporânea não é só pela profunda crise das instituições religiosas. No caso do cristianismo é, também, porque muitas vezes não é fácil ver nas nossas comunidades discípulos e discípulas de Jesus que se distingam pela sua capacidade de amar como Ele amava. Falta-nos o distintivo cristão.

Os cristãos, temos falado muito sobre o amor. No entanto, não sempre acertamos ou atrevemo-nos a dar lhe o verdadeiro conteúdo a partir do espírito e das atitudes concretas de Jesus. Falta-nos aprender que ele viveu o amor como um comportamento ativo e criador que o levava a uma atitude de serviço e de luta contra todo aquilo que desumaniza e faz sofrer o ser humano.



Nenhum comentário:

Postar um comentário