“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns
aos outros”. (Jo 13, 35)
A reflexão que trago hoje para
o blog Indagações-Zapytania é de autoria do teólogo espanhol José Antônio
Pagola. Considero ela muito interessante e, sobretudo, bem atual para os cristãos
de hoje. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Jo 13,31-33a.34-35 (Jesus deixa aos seus
discípulos um novo mandamento: “Amai-vos
uns aos outros”).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler.
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IHU - Notícias
sexta, 22 de abril de
2016.
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho segundo João 13, 31-33a.34-35 que
corresponde ao Quinto Domingo de Páscoa, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto.
Jesus se despede de seus
discípulos. Em pouco tempo, já não estará mais com eles.
Jesus fala-lhes com uma ternura especial: “Filhinhos: vou ficar com vocês só
mais um pouco”. A comunidade é pequena e frágil. Acaba de nascer. Os discípulos
são como crianças pequenas. Que acontecerá com eles se ficarem sem o Mestre?
Jesus lhes dá um
presente: “Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros”.
Se eles se amarem entre eles com o amor que Jesus os amou, Jesus continuará
presente no meio deles. O amor que receberam de Jesus continuará difundindo-se
entre os seus.
Por isso Jesus
acrescenta: “Se tiverem amor uns para com outros, todos reconhecerão
que vocês são meus discípulos”. O que permitirá descobrir que uma
comunidade que se diz cristã é realmente de Jesus, não será a confissão de uma
doutrina, nem a observância de uns ritos, nem o cumprimento de uma disciplina,
mas o amor vivido com o espirito de Jesus. Nesse amor está sua identidade.
Vivemos numa sociedade
onde foi se impondo a “cultura dos intercâmbios”. As pessoas
intercambiam objetos, serviços e prestações. Com frequência, intercambiam
também sentimentos, corpos e até amizade. “Eric Fromm chegou a dizer que o amor
é um fenômeno marginal na sociedade contemporânea”. As pessoas capazes
de amar são uma exceção.
Provavelmente esta seja
uma análise excessivamente pessimista, mas o certo é que para viver hoje o amor
cristão é necessário resistir-se a atmosfera que envolve a sociedade
atual. Não é possível viver um amor inspirado por Jesus sem tomar
distância do estilo de relações e intercâmbios interessados que predominam com
frequência entre nós.
Se a Igreja está se
diluindo no meio da sociedade contemporânea não é só
pela profunda crise das instituições religiosas. No caso do cristianismo é,
também, porque muitas vezes não é fácil ver nas nossas comunidades discípulos e
discípulas de Jesus que se distingam pela sua capacidade de amar como Ele
amava. Falta-nos o distintivo cristão.
Os cristãos, temos
falado muito sobre o amor. No entanto, não sempre acertamos ou atrevemo-nos a
dar lhe o verdadeiro conteúdo a partir do espírito e das atitudes concretas de
Jesus. Falta-nos aprender que ele viveu o amor como um comportamento
ativo e criador que o levava a uma atitude de serviço e de luta contra
todo aquilo que desumaniza e faz sofrer o ser humano.
Fonte: IHU - Notícias
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