“Disse-lhes
Simão Pedro: “Vou pescar”. Responderam-lhe eles: “Também nós vamos contigo”.
Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam.” (Jo 21,3)
O comentário que trago
hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é
muito bom e bem atual, sobretudo para as pessoas engajadas nos serviços dentro
da Igreja. Tem como pano de fundo o texto
bíblico Jo
21, 1-19 (Jesus ressuscitado
aparece aos discípulos na beira do lago da Galiléia).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale
a pena ler e interiorizar o conteúdo.
WCejnog
IHU - Notícias
sexta, 08 de abril de
2016
Sem Jesus não é possível
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho segundo João, capítulo
21, 1-19, que corresponde ao Terceiro Domingo de Páscoa, ciclo C do
Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
O encontro de Jesus
ressuscitado com seus discípulos junto ao lago da Galileia está descrito com
clara intenção catequética. No relato está subjacente o simbolismo
central da pesca no meio do mar. Sua mensagem não pode ser mais atual
para os cristãos: apenas a presença de Jesus Ressuscitado pode dar eficácia ao
trabalho evangelizador dos discípulos.
O relato descreve, em
primeiro lugar, o trabalho que os discípulos levam a cabo na escuridão
da noite. Tudo começa com uma decisão de Simão Pedro: «Vou pescar». Os
discípulos restantes aderem a ele: «Também nós vamos contigo». Estão de novo
juntos, mas falta Jesus. Saem para pescar, mas não embarcam escutando a sua
chamada, mas sim seguindo a iniciativa de Simão Pedro.
O narrador deixa claro
que este trabalho se realiza de noite e resulta infrutuoso: «aquela noite não
colheram nada». A «noite» significa, na linguagem do evangelista, a ausência
de Jesus que é a Luz. Sem a presença de Jesus ressuscitado, sem o seu
alento e a sua palavra orientadora, não há evangelização fecunda.
Com a chegada do
amanhecer, Jesus apresenta-se. Desde a margem, comunica-se por meio da Palavra.
Os discípulos não sabem que é Jesus, só o reconhecem quando, seguindo
docilmente suas indicações, logram um entendimento surpreendente. Aquilo
só se pode dever a Jesus, o Profeta que um dia os chamou para serem «pescadores
de homens».
A situação de não poucas
paróquias e comunidades cristãs é crítica. As forças diminuem. Os
cristãos mais comprometidos multiplicam-se para abarcar todo o tipo de
tarefas: sempre os mesmos e os mesmos para tudo. Temos de continuar intensificando
os nossos esforços e procurando o rendimento a qualquer preço, ou temos de nos
deter para cuidar melhor da presença viva do Ressuscitado no nosso trabalho?
Para difundir a Boa Nova
de Jesus e colaborar eficazmente no seu projeto, o
mais importante não é «fazer muitas coisas», mas cuidar melhor da qualidade
humana e evangélica do que fazemos. O decisivo não é o ativismo, mas sim o
testemunho de vida que nós, os cristãos, possamos irradiar.
Não podemos ficar na
«epiderme da fé». É o momento de cuidar, antes de qualquer coisa, do
essencial. Enchemos as nossas comunidades de palavras, textos e escritos, mas o
decisivo é que, entre nós, se escute a Jesus. Fazemos muitas reuniões, mas a
mais importante é a que nos congrega cada domingo para celebrar a Ceia do
Senhor. Só nele se alimenta a nossa
força evangelizadora.
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