“Estando
trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: "A paz
esteja convosco"! Depois disse a Tomé: "Introduz aqui o teu dedo, e
vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de
fé". Respondeu-lhe Tomé: "Meu Senhor e meu
Deus!" Disse-lhe Jesus: "Creste, porque me viste. Felizes
aqueles que crêem sem ter visto!".
(Jo 20, 26-29)
O comentário que trago
hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é
muito bom. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Jo 20,19-31 (Jesus ressuscitado aparece para
o Tomé).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler.
WCejnog
IHU – Notícias
Sexta, 01 abril de 2016
Não sejas incrédulo, mas
crente
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo João 20, 19-31 que
corresponde ao Segundo Domingo de Páscoa, ciclo C do Ano Litúrgico. O
teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
A figura de Tomé como
discípulo que se recusa a acreditar tem sido muito popular entre os cristãos.
No entanto, o relato evangélico diz muito mais sobre este discípulo cético.
Jesus Ressuscitado dirige-se a ele com palavras que têm muito de chamada
urgente, mas também um convite amoroso: “não sejas incrédulo, senão crente”. Tomé,
que leva uma semana recusando-se a acreditar, responde a Jesus com a confissão
de fé mais solene que podemos ler nos evangelhos: “Meu Senhor e meu Deus”.
Que experimentou este
discípulo em Jesus Ressuscitado? O que foi que
transformou esse homem até então dubitativo e vacilante? Que percurso interior
o levou do ceticismo à confiança? É surpreendente que, segundo o relato, Tomé
renuncia a verificar a verdade da ressurreição colocando suas mãos nas feridas
de Jesus. O que o abre para a fé é o
próprio Jesus com seu convite.
Ao longo dos anos mudamos
muito por dentro. Fizemo-nos mais céticos, mas também mais frágeis. Fizemo-nos
mais críticos, mas também mais inseguros. Cada um de nós deve decidir como
deseja viver e como deseja morrer. Cada um de nós deve responder a esse convite
que, mais tarde ou mais cedo, como consequência de um processo interior,
receberá de Jesus: “não sejas incrédulo, mas sim crente”.
Possivelmente
necessitamos despertar mais nosso desejo de verdade. Desenvolver essa
sensibilidade interior que todos temos para perceber, mais além do visível e
tangível, a presença do Mistério que sustenta nossa vida. Já não é
possível viver como pessoas que sabem tudo. Não é verdade. Todos, crentes e
não crentes, ateus ou agnósticos, caminham pela vida envolvidos nas trevas.
Como disse Paulo de Tarso, procura Deus “às apalpadelas”.
Por que não enfrentarmos
o mistério da vida e da morte confiando no Amor como Realidade última de tudo?
Este é o convite decisivo de Jesus. Mais de um crente hoje sente que sua fé
foi-se transformando em algo cada vez mais irreal e menos fundamentado. Não
sei. Talvez, agora que não podemos apoiar nossa fé em falsas seguranças, aprendemos
a procurar Deus com um coração mais humilde e sincero.
Não podemos esquecer que
uma pessoa que procura e deseja sinceramente acreditar, para Deus já é crente.
Muitas vezes não é possível fazer muito mais. E Deus, que compreende nossa
impotência e debilidade, tem seus caminhos para encontrar-se com cada um e
oferecer-lhe sua salvação.
Fonte: IHU – Notícias
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