“Deixo-vos a paz, a
minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide
o vosso coração”. (Jo 14,27)
Abaixo, uma bonita reflexão e bem
atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 14, 23-29 (Palavras de
despedida de Jesus) de autoria do teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto
foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e meditar!
WCejnog
Sexta, 29 de abril de 2016
A
paz na igreja
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho segundo João 14, 23-29 que corresponde ao Sexto
Domingo de Páscoa, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
No evangelho de João podemos ler
um conjunto de discursos em que Jesus se despede de seus discípulos. Os
comentadores chamam-lhe «O Discurso de despedida». Nele se respira uma
atmosfera muito especial: os discípulos têm medo de ficar sem seu Mestre;
Jesus, por sua parte, insiste em dizer-lhes que, apesar da sua partida, nunca
sentirão sua ausência.
Até cinco vezes repete-lhes que ficarão com «o
Espírito Santo». Ele os defenderá, pois os manterá fiéis à sua mensagem e
ao seu projeto. Por isso chama-lhe «Espírito da verdade». Num momento
determinado, Jesus explica-lhes melhor o que terão que fazer: «O Defensor, o
Espírito Santo... os ensinará todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que
eu lhes disse.» Este Espírito será a memória viva de Jesus.
Jesus deseja que captem bem o que significará para
eles o Espírito da verdade e Defensor da sua comunidade: «Deixo-vos a paz;
dou-vos a paz». Não só lhes deseja a paz. Oferece-lhes a Sua paz. Se vivem
guiados pelo Espírito, recordando e guardando as suas palavras, conhecerão a
paz.
Não é uma paz qualquer. É
a sua paz. Por isso lhes diz: «A paz que eu dou para vocês não é a paz que o
mundo dá». A paz de Jesus não se constrói com estratégias inspiradas na mentira
ou na injustiça, mas sim atuando com o Espírito da verdade. Devem reafirmar-se
nele: «Que não trema o vosso coração nem se acovarde».
Nestes tempos difíceis de desprestígio e
perturbação que estamos a sofrer na Igreja, seria um grave erro
pretender defender a nossa credibilidade e autoridade moral atuando sem o
Espírito da verdade prometido por Jesus. O medo continuará a penetrar
no cristianismo se procuramos assentar a nossa segurança e a nossa paz
afastando-nos do caminho traçado por Ele.
Quando na Igreja se perde a paz, não é possível
recuperá-la de qualquer maneira, nem serve qualquer estratégia. Com o coração
cheio de ressentimento e cegueira, não é possível introduzir a paz de Jesus. É
necessário converter-nos humildemente à sua verdade, mobilizar
todas as nossas forças para deixar caminhos errados, e deixar-nos guiar pelo
Espírito que animou a vida inteira de Jesus.
Fonte: IHU - Notícias
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