Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A origem da vida: existe uma resposta plausível? - Indagações de Hans Küng, teólogo suiço. Excelente!


Hoje trago para o blog Indagações-Zapytania uma matéria muito boa para ler, meditar e refletir junto com o autor, o teólogo suiço  Hans Küng. Quem tiver o interesse, tempo e a disposição – aqui é uma excelente oportunidade para isso. O texto do autor (Hans Küng) está em PDF embaixo da introdução de autoria de Jéferson Ferreira Rodrigues
Os textos foram publicados no site do Instituto Humanita Unisinos (IHU) no início do mês de junho deste ano (2016) em Cadernos Teologia Pública IHU, edição 44.

Vale a pena ler!
WCejnóg 

IHU – Notícias
sexta, 03 de junho de 2016

A origem da vida: existe uma resposta plausível?

ser humano, em algum momento, na sua existência conviverá com a pergunta pelas origens. Ele busca saber como tudo aconteceu até aqui. Nele desvela-se um anseio profundo. Não foram unânimes as respostas, mas buscaram com muitas nuances uma resposta adequada para cada tempo. Ela fez companhia às tradições bíblicas e hoje permanece inquietante e desafiadora desde as pessoas mais simples até os cientistas com seus laboratórios sofisticados.

vida como irrupção de uma pergunta, não é apenas a humana, mas a existência complexa, perpassando uma singularidade atinge uma diversidade de seres. Ela possui exigências mínimas e propriedades estruturais e dinâmicas indispensáveis. Os seres vivos compartilham uma tríplice característica: reprodução, mutação e metabolismo. 

Há 3,5 bilhões de anos, a vida complexa encontrou no planeta Terra as condições necessárias para se desenvolver e emergir no seu esplendor. A vida humana apenas registra 200 mil anos de existência. De modo geral, não é possível afirmar a existência de vida “extra-terra”. Nada foi constatado e comprovado pela ciência. A ausência de comprovação não impossibilita outras existências, sobretudo porque não damos conta de penetrar no mistério do Universo. 

O ser humano, na busca pelas origens, investe em narrativas e em tecnologias. Os métodos são diferentes, mas os anseios são os mesmos: um busca um sentido para o existir de tudo, o outro procura uma comprovação efetiva desse existir. Ambos são tentados pela pretensão de “dominar” e “submeter”. Não obstante encontram os instrumentais para realizarem tal feito. 

narrativa bíblica não é excludente de uma teoria científica. Seu propósito está na busca de um sentido para tudo que existe, consequentemente na presença de Deus (que é Criador). Ela é uma imagem ou convicção tardia na experiência humana e religiosa de Israel. A experiência mais marcante foi de libertação, que inclusive inaugura um novo relacionar com a terra: “ter tudo sem possuir nada”. Aos poucos isso foi permanecendo no esquecimento. 

A fé num Deus Criador reavivou essa perspectiva. É um dom, que exige uma responsabilidade. O imperativo de “submeter e dominar” é traduzido como “cuidar”, que sem muitas delongas tornou-se motivo e argumento de dominação e exploração. Nele expressa-se que outros interesses foram mais interessantes que a dádiva de uma terra. Nesse horizonte, pode-se pensar a vida na sua complexidade, ele irrompe sem pedir licença, chega sem avisar.

Quase somos forçados a dizer como Chicó, no Auto da Compadecida: “não sei, só sei que é assim”. Não é um determinismo imobilizador. Mas, encontra-se na dinâmica do mistério, que irrompe no esplendor de cada desdobramento, reconhecendo a dignidade de cada ser, desde microcosmos até macrocosmos. É o mistério nosso de cada dia. Ainda cabe uma pergunta: Por que o ser humano investe tanto para saber suas origens?


Hans Küng, teólogo suiço, no Cadernos Teologia Públicaedição 44, apresenta uma contribuição significativa no debate entre ciências naturais, religião e teologia. Busca uma reflexão lúcida da questão da vida desde os principais confrontos entre teoria da evolução de Darwin, biologia molecular e teologia da criação. Não é suficiente permanecer em “eternos” embates, que não consideram aquilo que é importante e complementar através de uma disposição para o diálogo.


O texto está organizado da seguinte maneira:
1. Desde quando existe vida?
2. Estamos sós no universo?
3. Uma busca infrutífera
4. Como surgiu a vida?
5. Predominância do acaso?
6. Seria Deus supérfluo?
7. Por que um cosmos propício à vida?
8. Um princípio antrópico?
9. “A luz inacessível”

Para acessar o texto clique: A orígem da vida 

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*  Hans Küng, doutor em Teologia pela Pontificia Universidade Gregoriana, professor emérito na Universidade de Tübingen, fundador do Instituto de Pesquisas Ecumênicas e do Projeto de Ética Mundial. Autor de vários livros:
A igreja tem salvação? (São Paulo: Paulus, 2012)
O princípio de todas as coisas: ciências naturais e religião (Petrópolis: Vozes, 2009)
Umstrittene Wahrheit: erinnerungen (München: Piper, 2007)
 Éticas da mundialidade (São Paulo: Paulinas, 2000)
Uma ética global para a política e a economia mundiais (Petrópolis: Vozes, 1999)
Morir con dignidad (Madrid: Trotta, 1997)
Projeto de Ética Mundial (São Paulo: Paulinas, 1992)
O que deve permanecer na Igreja (Petrópolis: Vozes, 1976)
Ser cristão (Rio de Janeiro: Imago, 1976)
 A Igreja (Lisboa: Moraes, 1969)
Para que o mundo creia (Rio de Janeiro: Agir, 1966)


Por Jéferson Ferreira Rodrigues



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