Hoje trago para o blog Indagações-Zapytania uma matéria muito boa para ler, meditar e refletir
junto com o autor, o teólogo suiço Hans
Küng. Quem tiver o interesse, tempo e a disposição – aqui é uma excelente
oportunidade para isso. O texto do autor (Hans Küng) está em PDF embaixo da introdução de autoria de Jéferson Ferreira Rodrigues.
Os textos foram publicados no site do Instituto Humanita Unisinos (IHU) no início do mês de junho deste ano (2016) em Cadernos Teologia Pública IHU, edição 44.
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU – Notícias
sexta, 03 de junho de 2016
A origem da vida: existe uma resposta plausível?
O ser humano,
em algum momento, na sua existência conviverá com a pergunta pelas origens.
Ele busca saber como tudo aconteceu até aqui. Nele desvela-se um anseio
profundo. Não foram unânimes as respostas, mas buscaram com muitas nuances uma
resposta adequada para cada tempo. Ela fez companhia às tradições bíblicas e
hoje permanece inquietante e desafiadora desde as pessoas mais simples até os
cientistas com seus laboratórios sofisticados.
A vida como
irrupção de uma pergunta, não é apenas a humana, mas a existência complexa, perpassando uma singularidade atinge uma
diversidade de seres. Ela possui exigências mínimas e propriedades estruturais
e dinâmicas indispensáveis. Os seres vivos compartilham uma tríplice
característica: reprodução, mutação e metabolismo.
Há 3,5 bilhões de anos,
a vida complexa encontrou no planeta Terra as condições
necessárias para se desenvolver e emergir no seu esplendor. A vida
humana apenas registra 200 mil anos de existência. De modo geral, não
é possível afirmar a existência de vida “extra-terra”. Nada foi constatado e
comprovado pela ciência. A ausência de comprovação não impossibilita outras
existências, sobretudo porque não damos conta de penetrar no mistério do
Universo.
O ser humano,
na busca pelas origens, investe em narrativas e
em tecnologias. Os métodos são diferentes, mas os anseios são os mesmos: um
busca um sentido para o existir de tudo, o outro procura uma comprovação
efetiva desse existir. Ambos são tentados pela pretensão de “dominar” e
“submeter”. Não obstante encontram os instrumentais para realizarem tal
feito.
A narrativa bíblica não é excludente de uma teoria
científica. Seu propósito está na busca de um sentido para tudo que existe,
consequentemente na presença de Deus (que é Criador). Ela é uma imagem ou
convicção tardia na experiência humana e religiosa de Israel. A experiência
mais marcante foi de libertação, que inclusive inaugura um novo relacionar com
a terra: “ter tudo sem possuir nada”. Aos poucos isso foi permanecendo no
esquecimento.
A fé num Deus Criador reavivou essa perspectiva. É um dom,
que exige uma responsabilidade. O imperativo de “submeter e dominar” é
traduzido como “cuidar”, que sem muitas delongas tornou-se motivo e argumento
de dominação e exploração. Nele expressa-se que outros interesses foram mais
interessantes que a dádiva de uma terra. Nesse horizonte, pode-se pensar
a vida na sua complexidade, ele irrompe sem pedir licença,
chega sem avisar.
Quase somos forçados a
dizer como Chicó, no Auto da Compadecida: “não sei, só sei que é
assim”. Não é um determinismo imobilizador. Mas, encontra-se na dinâmica do
mistério, que irrompe no esplendor de cada desdobramento, reconhecendo a
dignidade de cada ser, desde microcosmos até macrocosmos. É o mistério nosso de
cada dia. Ainda cabe uma pergunta: Por que o ser humano investe tanto para
saber suas origens?
O texto está organizado
da seguinte maneira:
1. Desde quando existe vida?
2. Estamos sós no universo?
3. Uma busca infrutífera
4. Como surgiu a vida?
5. Predominância do acaso?
6. Seria Deus supérfluo?
7. Por que um cosmos propício à vida?
8. Um princípio antrópico?
9. “A luz inacessível”
Para acessar o texto clique: A orígem da vida
________
* Hans Küng, doutor
em Teologia pela Pontificia Universidade Gregoriana, professor emérito na
Universidade de Tübingen, fundador do Instituto de Pesquisas Ecumênicas
e do Projeto de Ética Mundial. Autor de vários livros:
A igreja tem salvação? (São
Paulo: Paulus, 2012)
O princípio de todas as coisas: ciências naturais e
religião (Petrópolis: Vozes, 2009)
Umstrittene Wahrheit: erinnerungen (München:
Piper, 2007)
Éticas da mundialidade (São
Paulo: Paulinas, 2000)
Uma ética global para a política e a economia
mundiais (Petrópolis: Vozes, 1999)
Morir con dignidad (Madrid:
Trotta, 1997)
Projeto de Ética Mundial (São
Paulo: Paulinas, 1992)
O que deve permanecer na Igreja (Petrópolis:
Vozes, 1976)
Ser cristão (Rio de Janeiro:
Imago, 1976)
A Igreja (Lisboa: Moraes, 1969)
Para que o mundo creia (Rio
de Janeiro: Agir, 1966)
Por
Jéferson Ferreira Rodrigues
Fonte: IHU - Notícias
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