Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A postura justa. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!


«Quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.» (Lc 18,14)

Abaixo, uma bonita reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 18, 9-14 (A parábola do fariseu e do publicano orando no templo).
É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
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IHU – Adital
21 de outubro de 2016.

A postura justa

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 18,9-14, que corresponde ao 30° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Segundo Lucas, Jesus dirige a parábola do fariseu e do publicano a alguns que presumem ser justos ante Deus e desprezam os outros. Os dois protagonistas que sobem ao templo para orar representam duas atitudes religiosas opostas e irreconciliáveis. Mas, qual é a postura justa e acertada ante Deus? Esta é a pergunta de fundo.

O fariseu é um observador escrupuloso da lei e um praticante fiel de sua religião. Sente-se seguro no templo. Reza de pé e com a cabeça erguida. Sua oração é mais bem apresentada: uma oração de louvor e ação de graças a Deus. Mas não lhe dá graças pela sua grandeza, sua bondade ou misericórdia, mas pelo bom e grande que é ele mesmo.

Imediatamente observa-se algo falso nesta oração. Mais que orar, este homem contempla-se a si mesmo. Narra-se a sua própria história cheia de méritos. Precisa sentir-se em ordem diante de Deus e exibir-se como superior aos demais.
Este homem não sabe o que é orar. Não reconhece a grandeza misteriosa de Deus nem confessa sua própria pequenez. Procurar Deus para enumerar diante dele nossas boas obras e desprezar os demais é néscio. Por trás de sua aparente piedade, esconde-se uma oração de “ateu”. Este homem não necessita de Deus. Não lhe pede nada. Basta-se a si mesmo.

A oração do publicano é muito diferente. Sabe que sua presença no templo é mal vista por todos. Seu trabalho de cobrador é odiado e desprezado. Não se desculpa. Reconhece que é pecador. Os seus golpes no peito e as poucas palavras que sussurra dizem tudo: “Oh Deus! tem compaixão deste pecador”.

Este homem sabe que não pode vangloriar-se. Não tem nada para oferecer a Deus, mas sim muito que receber dele: o Seu perdão e a sua misericórdia. Na sua oração há mais autenticidade. Este homem é pecador, mas está no caminho da verdade.

O fariseu não se encontrou com Deus. Este cobrador, pelo contrário, encontra em seguida a postura correta ante Ele: a atitude do que não tem nada e necessita tudo. Não se detém sequer a confessar com detalhe as suas culpas. Reconhece-se pecador. Dessa consciência brota a sua oração: «Tem compaixão deste pecador».

Os dois sobem ao templo para orar, mas cada um leva no seu coração a sua imagem de Deus e o seu modo de relacionar-se com Ele. O fariseu continua enredado numa religião legalista: para Ele o importante é estar em ordem com Deus e ser mais observador que ninguém. O cobrador, pelo contrário, abre-se ao Deus do Amor que Jesus prega: aprendeu a viver do perdão, sem vangloriar-se de nada e sem condenar a ninguém.

Fonte: IHU – Comentário doEvangelho



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