«Quem
se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.» (Lc
18,14)
Abaixo, uma bonita
reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 18, 9-14 (A parábola do fariseu e do
publicano orando no templo).
É de autoria do padre e
teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na
no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU – Adital
21 de outubro
de 2016.
A postura
justa
A leitura
que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 18,9-14, que
corresponde ao 30° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o
texto
Segundo
Lucas, Jesus dirige a parábola do fariseu e do publicano a alguns que presumem
ser justos ante Deus e desprezam os outros. Os dois protagonistas que sobem ao
templo para orar representam duas atitudes religiosas opostas e
irreconciliáveis. Mas, qual é a postura justa e acertada ante Deus? Esta
é a pergunta de fundo.
O fariseu é
um observador escrupuloso da lei e um praticante fiel de sua religião. Sente-se
seguro no templo. Reza de pé e com a cabeça erguida. Sua oração é mais bem
apresentada: uma oração de louvor e ação de graças a Deus. Mas não lhe dá
graças pela sua grandeza, sua bondade ou misericórdia, mas pelo bom e grande
que é ele mesmo.
Imediatamente
observa-se algo falso nesta oração. Mais que orar, este homem
contempla-se a si mesmo. Narra-se a sua própria história cheia de méritos.
Precisa sentir-se em ordem diante de Deus e exibir-se como superior aos demais.
Este homem
não sabe o que é orar. Não reconhece a grandeza misteriosa de Deus nem confessa
sua própria pequenez. Procurar Deus para enumerar diante dele nossas boas obras
e desprezar os demais é néscio. Por trás de sua aparente piedade,
esconde-se uma oração de “ateu”. Este homem não necessita de Deus. Não
lhe pede nada. Basta-se a si mesmo.
A oração do
publicano é muito diferente. Sabe que sua presença no templo é mal vista por
todos. Seu trabalho de cobrador é odiado e desprezado. Não se desculpa. Reconhece
que é pecador. Os seus golpes no peito e as poucas palavras que sussurra
dizem tudo: “Oh Deus! tem compaixão deste pecador”.
Este homem
sabe que não pode vangloriar-se. Não tem nada para oferecer a Deus, mas
sim muito que receber dele: o Seu perdão e a sua misericórdia. Na sua
oração há mais autenticidade. Este homem é pecador, mas está no caminho da
verdade.
O fariseu
não se encontrou com Deus. Este cobrador, pelo contrário, encontra em seguida a
postura correta ante Ele: a atitude do que não tem nada e necessita
tudo. Não se detém sequer a confessar com detalhe as suas culpas.
Reconhece-se pecador. Dessa consciência brota a sua oração: «Tem compaixão
deste pecador».
Os dois
sobem ao templo para orar, mas cada um leva no seu coração a sua imagem de Deus
e o seu modo de relacionar-se com Ele. O fariseu continua enredado numa
religião legalista: para Ele o importante é estar em ordem com Deus e ser mais
observador que ninguém. O cobrador, pelo contrário, abre-se ao Deus do Amor que
Jesus prega: aprendeu a viver do perdão, sem vangloriar-se de nada e sem
condenar a ninguém.
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