Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Cura. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!


«Jesus perguntou: "Não foram purificados todos os dez? Onde estão os outros nove? Não se achou nenhum que voltasse e desse louvor a Deus, a não ser este estrangeiro?"  Então ele lhe disse: "Levante-se e vá; a sua fé o salvou".» (Lc 17,17-19)

Abaixo, uma excelente reflexão,  concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 17,11-19 (Jesus cura dez leprosos). É de autoria do teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg


IHU - Adital
7 de Outubro de 2016.
                                                        
Cura

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 17,11-19 que corresponde ào 28° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

O episódio é conhecido. Jesus cura dez leprosos enviando-os aos sacerdotes para que os autorizem a voltar sãos para as suas famílias. O relato podia ter terminado aqui. Ao evangelista, no entanto, interessa-lhe destacar a reação de um deles.

Uma vez curados, os leprosos desaparecem de cena. Nada sabemos deles. Parece como se nada tivesse acontecido nas suas vidas. No entanto, um deles “percebe que está curado” e compreende que algo grande lhe foi presenteado: Deus está na origem daquela cura. Entusiasmado, volta “louvando a Deus a grandes gritos” e “dando graças a Jesus”.

Em geral, os comentaristas interpretam a sua reação sob a forma de agradecimento: os nove são desagradecidos; só o que voltou sabe agradecer. Certamente é o que parece sugerir o relato. No entanto, Jesus não fala de agradecimento. Diz que o samaritano voltou “para dar glória a Deus”. E dar glória a Deus é muito mais do que dizer obrigado.

Dentro da pequena história de cada pessoa, provada por doenças, enfermidades e aflições, a cura é uma experiência privilegiada para dar glória a Deus como Salvador da nossa vida. Assim diz uma célebre fórmula de São Irineu de Leão: “O que a Deus lhe dá glória é um homem cheio de vida”. Esse corpo do leproso curado é um corpo que canta a glória de Deus.

Acreditamos saber tudo sobre o funcionamento do nosso organismo, mas a cura de uma grave doença não deixa de nos surpreender. Sempre é um “mistério” experimentar em nós como se recupera a vida, como se reafirmam as nossas forças e como cresce a nossa confiança e a nossa liberdade.

Poucas experiências se podem viver tão radicais e básicas como a cura, para experimentar a vitória frente ao mal e ao triunfo da vida sobre a ameaça da morte. Por isso, ao nos curarmos, oferece-se a possibilidade de acolher de forma renovada Deus que vem a nós como fundamento do nosso ser e fonte de vida nova.

A medicina moderna permite hoje a muitas pessoas viver o processo de cura com mais frequência que em tempos passados. Temos de agradecer a quem nos cura, mas a cura pode ser, além disso, ocasião e estímulo para iniciar uma nova relação com Deus. Podemos passar da indiferença à fé, da rejeição ao acolhimento, da dúvida à confiança, do temor ao amor.

Este acolhimento saudável de Deus pode curar-nos de medos, vazios e feridas que nos fazem mal. Pode-nos enraizar à vida de forma mais saudável e liberta. Pode-nos sanar integralmente.



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