“Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
"Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os
abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdade vos digo: passará o
céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei. Aquele que violar
um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será
declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar
será declarado grande no Reino dos céus." (Mt
5, 17-19)
O comentário que trago
hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é
muito concreto e atual. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Mt 5, 17-37 (Jesus esina os seus seguidores).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler.
WCejnog
IHU - Adital
10 fevereiro 2017.
Não à guerra entre nós.
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho segundo Mateus 5, 17-37, que corresponde ao
Sexto Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Os judeus falavam com orgulho da Lei
de Moisés. Segundo a tradição, foi Deus
que a ofereceu a seu povo. É o melhor que receberam Dele. Nessa Lei, acha-se a vontade
do único Deus verdadeiro. Aí podem encontrar tudo o que necessitam para serem
fiéis a Deus.
Para Jesus, também a Lei é importante, mas já não ocupa o lugar central. Ele vive e
comunica outra experiência: está a chegar o reino de Deus; o Pai procura abrir
um caminho entre nós para fazer um mundo mais humano. Não basta nos
contentarmos em cumprir a Lei de Moisés. É necessário abrir-nos ao Pai e
colaborar com Ele para fazer a vida mais justa e fraterna.
Por isso, segundo Jesus, não basta
cumprir a Lei, que ordena «não matarás». É necessário, também, arrancar
da nossa vida a agressividade, o desprezo pelo outro, os insultos ou as
vinganças. Aquele que não mata cumpre a Lei, mas, se não se liberta da
violência, no seu coração não reina ainda esse Deus que procura construir
conosco uma vida mais humana.
Conforme alguns observadores, está
se espalhando na sociedade atual uma linguagem que reflete o crescimento da
agressividade. Cada vez são mais frequentes os insultos ofensivos,
proferidos tão somente para humilhar, desprezar e ferir. Palavras nascidas da
rejeição, do ressentimento, do ódio ou da vingança.
Por outro lado, as conversações estão
frequentemente tecidas de palavras injustas que distribuem condenações e
semeiam suspeitas. Palavras ditas sem amor e sem
respeito que viciam a convivência e fazem mal. Palavras nascidas quase sempre
da irritação, da mesquinhez ou da baixeza.
Esta não é uma situação que se dê
apenas na convivência social. É também um grave problema no interior da Igreja
atual. O papa Francisco sofre ao ver divisões, conflitos e confrontos
de «cristãos em guerra contra outros cristãos». É um cenário tão contrário
ao Evangelho que ele sentiu a necessidade de nos dirigir uma chamada urgente:
«Não à guerra entre nós».
Assim fala o Papa: “Dói-me comprovar como em algumas comunidades
cristãs, e entre pessoas consagradas, consentimos diversas formas de ódios,
calúnias, difamações, vinganças, ciúmes, desejo de impor as próprias ideias à
custa de qualquer coisa e até perseguições que parecem uma implacável caça às
bruxas. A quem vamos evangelizar com esses comportamentos?”. O Papa trabalha
por uma Igreja na qual «todos podem admirar como vos cuidais uns aos outros,
como vos dais alento mutuamente e como vos acompanhais».
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