Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Uma chamada escandalosa. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!



Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos. Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os publicanos fazem isso! E se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês". (Mt 5, 44-48)


O comentário que trago hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreto e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 5, 38-48  (Jesus exorta:“Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem”).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Não deixe de ler.
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IHU - Adital
17 fevereiro 2017.

Uma chamada escandalosa

 A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Mateus 5, 38-48, que corresponde ao Sétimo Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

A chamada ao amor é sempre atrativaSeguramente, muitos acolhiam com agrado a chamada de Jesus a amar a Deus e ao próximo. Era a melhor síntese da Lei. Mas o que não podiam imaginar é que um dia lhes falará de amar os inimigos. No entanto, Jesus o fez. Sem a proteção da tradição bíblica, distanciando-se dos salmos da vingança que alimentavam a oração do seu povo, enfrentando-se ao espírito geral que se respirava à sua volta, de ódio para com os inimigos, proclamou com claridade absoluta sua chamada: «Eu, pelo contrário, vos digo: amai a vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem».

Sua linguagem é escandalosa e surpreendente, mas totalmente coerente com sua experiência de Deus. O Pai não é violento: ama inclusive seus inimigos, não procura a destruição de ninguém. Sua grandeza não consiste em vingar-se, mas sim em amar incondicionalmente a todos. Quem se sinta filho de Deus não deve introduzir no mundo ódio nem destruição de ninguém.

O amor ao inimigo não é um ensinamento secundário de Jesus dirigido a pessoas chamadas a uma perfeição heroica. A sua chamada quer introduzir na história uma atitude nova ante o inimigo, porque quer eliminar do mundo o ódio e a violência destruidora. Quem se pareça a Deus não alimentará o ódio contra ninguém, procurará o bem de todos, inclusive o dos Seus inimigos.

Quando Jesus fala do amor ao inimigo não está a pedir que alimentemos em nós sentimentos de afeto, simpatia ou carinho para quem nos faça mal. O inimigo continua sendo alguém de quem podemos esperar dano, e dificilmente podem mudar os sentimentos do nosso coração.

Amar o inimigo significa, antes de tudo, não lhe fazer mal, não procurar nem desejar fazer-lhe mal. Não temos de estranhar se não sentimos amor ou afeto para com ele. É natural que nos sintamos feridos ou humilhados. Temos de nos preocupar quando continuamos a alimentar ódio e sede de vingança.

Mas não se trata só de não lhe fazer mal. Podemos dar mais passos até estarmos inclusive dispostos a fazer-lhe bem se o encontramos necessitado. Não temos de esquecer que somos mais humanos quando perdoamos que quando nos vingamos. Podemos inclusive devolver-lhe bem por mal.

O perdão sincero ao inimigo não é fácil. Em algumas circunstâncias, para uma pessoa pode-se tornar praticamente impossível libertar-se logo da rejeição, do ódio ou da sede de vingança. Não temos de julgar ninguém a partir de fora. Só Deus nos compreende e perdoa de forma incondicional, inclusive quando não somos capazes de perdoar.




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