“ Vós sois o sal
da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais
presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo; não
se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no
velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras
e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus." (Mt 5, 13-16)
O comentário que trago hoje para o blog
Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreto e
atual. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Mt 5, 13-16.
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler.
WCejnog
IHU - Adital
03 fevereiro 2017
Sair para as periferias
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho segundo Mateus
5, 13-16, que corresponde ao Quintoo Domingo
do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio
Pagola comenta o texto.
Eis o texto.
Jesus dá a conhecer com duas imagens
audazes e surpreendentes o que pensa e espera dos seus seguidores. Não deve
viver pensando sempre nos seus próprios interesses, seu prestígio ou seu poder.
Apesar de ser um grupo pequeno no meio do vasto Império de Roma, deve ser o “sal” que necessita a terra e a “luz” que faz falta ao mundo.
“Vós
sois o sal da terra.” As pessoas simples da Galileia captam
espontaneamente a linguagem de Jesus. Todo o mundo sabe que o sal serve,
sobretudo, para dar sabor à comida e para preservar os alimentos da corrupção.
Do mesmo modo, os discípulos de Jesus devem contribuir para que as pessoas
saboreiem a vida sem cair na corrupção.
“Vós
sois a luz do mundo.” Sem a luz do sol, o mundo fica nas trevas: já não
nos podemos orientar nem desfrutar da vida no meio da obscuridade. Os
discípulos de Jesus podem aportar a luz que necessitamos para nos orientar,
aprofundar no sentido último da existência e caminhar com esperança.
As duas metáforas coincidem em algo
muito importante. Se permanecer isolado num recipiente, o sal não serve para
nada. Apenas quando entra em contato com os alimentos e se dissolve na comida
pode dar sabor ao que comemos. O mesmo sucede com a luz. Se permanecer
encerrada e oculta, não pode iluminar ninguém. Apenas quando está no meio das
trevas pode iluminar e orientar. Uma Igreja isolada do mundo não pode ser
nem sal, nem luz.
O papa Francisco viu que a Igreja
vive encerrada em si mesma, paralisada pelos medos e demasiadamente afastada
dos problemas e sofrimentos como para dar sabor à vida moderna e para oferecer
a luz genuína do Evangelho. A sua reação foi imediata:“Temos de sair para as periferias existenciais”.
O Papa insiste uma e outra vez:
“Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e manchada por sair à rua que uma Igreja
doente por estar encerrada e pela comodidade de agarrar-se às suas próprias
seguranças. Não quero uma Igreja preocupada por ser o centro e que termina
enclausurada num emaranhado de obsessões e procedimentos”.
A chamada de Francisco está dirigida
a todos os cristãos: “Não
podemos ficar tranquilos numa espera passiva nos nossos templos. O Evangelho convida-nos sempre a correr o risco
do encontro com o rosto do outro”. O Papa quer introduzir na Igreja o que ele
chama de “cultura
do encontro”. Está convencido de que “o que
necessita hoje a Igreja é capacidade de curar feridas e dar calor aos
corações”.
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