Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 3 de março de 2017

A nossa grande tentação. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!


Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4,4)

Hoje, uma belíssima reflexão muito atual e importante. Como pano de fundo  tem o texto bíblico Mt 4, 1-11  (As tentações de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e meditar sobre esse assunto.
WCejnóg



IHU - Adital
03 março 2017.

A nossa grnade tentação

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Mateus 4, 1-11, que corresponde ao Primeiro Domingo de Quaresma, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 


Eis o texto

O episódio das “tentações de Jesus” é um relato que não devemos interpretar com rapidez. As tentações que se nos descrevem não são propriamente de natureza moral. O relato adverte-nos de que podemos arruinar a nossa vida sem nos desviarmos do caminho que segue Jesus.

A primeira tentação é de importância decisiva, pois pode perverter e corromper a nossa vida desde a raiz. Aparentemente, a Jesus se lhe oferece algo inocente e bom: colocar Deus a serviço da sua fome. “Se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se convertam em pães”.

No entanto, Jesus reage de forma rápida e surpreendente: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Não fará do seu próprio pão, um absoluto. Não colocará Deus a serviço do seu próprio interesse, esquecendo o projeto do Pai. Sempre procurará primeiro o reino de Deus e a Sua justiça. Em todo o momento escutará a Sua Palavra.

As nossas necessidades não ficam satisfeitas só com ter assegurado o nosso pão material. O ser humano necessita e deseja muito mais. Inclusive, para resgatar da fome e da miséria a quem não tem pão, temos de escutar a Deus, nosso Pai, e despertar na nossa consciência a fome de justiça, a compaixão e a solidariedade.

A nossa grande tentação é hoje converter tudo em pão. Reduzir cada vez mais o horizonte da nossa vida à satisfação dos nossos desejos; viver obcecados por um bem-estar sempre maior ou fazer do consumismo indiscriminado e sem limites o ideal quase único das nossas vidas.

Enganamo-nos se pensamos que esse é o caminho que se tem de seguir para o progresso e a libertação. Não estamos vendo que uma sociedade que arrasta as pessoas para o consumismo sem limites e para a autossatisfação não faz senão gerar vazio e falta de sentido nas pessoas, e egoísmo, ausência de solidariedade e irresponsabilidade na convivência?

Por que estremecemos quando vemos aumentar de forma trágica o número de pessoas que se suicidam a cada dia? Por que continuamos fechados no nosso falso bem-estar, levantando barreiras cada vez mais inumanas para que os famintos não entrem nos nossos países, não cheguem até nossas residências nem chamem à nossa porta?


A chamada de Jesus pode-nos ajudar a tomar mais consciência de que não só de bem-estar vive o ser humano. Também os homens e mulheres de hoje necessitamos cultivar o espírito, conhecer o amor e a amizade, desenvolver a solidariedade com os que sofrem, escutar a nossa consciência com responsabilidade, abrir-nos ao Mistério último da vida com esperança.

Fonte: IHU - Comentário do Evangelho



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