Hoje
trago para o blog Indagações-Zapytania um excelente texto para a reflexão. O
artigo Como
experimentar Deus hoje, de Leonardo Boff, certamente pode servir de ajuda a quem procura a entender melhor a questão da fé do ser humano em Deus
e, consequentemente, pode ser últil para a sua própria caminhada de fé.
Foi publicado
pelo autor no seu blog (leonardoBOFF.com) em setembro de 2016, mas
certamente continua muito atual.
Vale a pena ler, analisar e refltir.
WCejnóg
IHU
– Notícias
Quinta, 16 de junho de
2016
Como experimentar Deus hoje.
Artigo de Leonardo Boff
"Apesar desta busca
incansável, todos testemunham: “ninguém jamais viu Deus” (1 Jo
4,12). Moisés suplicou ver a glória de Deus. Mas Deus lhe disse: ”Não
poderás ver a minha face porque ninguém me pode ver e permanecer vivo”(Ex 33,
20). Se não podemos vê-lo, poderemos identificar sinais de sua presença. Basta
prestar atenção e abrirmo-nos à sensibilidade do coração", escreve Leonardo Boff, escritor, teólogo e filósofo.
Eis o artigo.
Nos dias atuais vivemos
tempos tão atribulados poliiticamente que acabamos psicologicamente alterados.
O não ver caminhos, andar às cegas, ao léu como um barco sem leme, nos tira o
brilho da vida. Acabamos esquecendo das coisas essenciais.
É então que nos voltamos
para aquela Fonte que sempre alimentou a humanidade, especialmente em tempos
sombrios de crise generalizada. Sentimos saudades de Deus. E queremos
experimentá-lo e senti-lo a partir do coração.
Se olharmos a história,
constatamos que a humanidade sempre se perguntou pela Última Realidade.
Dava-se conta de que não podia saciar sua sede infinita sem encontrar um objeto
Infinito adequado à sua sede. Nem conseguiria explicar a grandeza do universo e
a nossa própria existência sem apelar para aquilo que se convencionou chamar de
Deus, embora tenha mil outros nomes conforme as diferentes culturas. Hoje, numa
linguagem secular, vinda da nova cosmologia, falamos da “Fonte Originária de
onde vem todos os seres”.
Apesar desta busca
incansável, todos testemunham: “ninguém jamais viu Deus” (1 Jo 4,12). Moisés suplicou
ver a glória de Deus. Mas Deus lhe disse: ”Não poderás ver a minha face porque
ninguém me pode ver e permanecer vivo”(Ex 33, 20). Se não podemos vê-lo,
poderemos identificar sinais de sua presença. Basta prestar atenção e
abrirmo-nos à sensibilidade do coração.
Impressiona o testemunho
de um indígena norte-americano Cherokee que conta de alguém que
buscava desesperadamente Deus mas que não prestava atenção à sua presença em
tantos sinais. Ele conta:
“Um homem sussurou:
Deus, fale comigo! E um rouxinol começou a trinar. Mas o homem não prestou
atenção. Voltou a perguntar: Deus, fale comigo! E um trovão reboou pelo espaço.
Mas o homem não deu importância. Perguntou novamente: Deus , deixa-me vê-lo! E
uma enorme lua brilhou no céu profundo. Mas o homem nem reparou. E, nervoso,
começou a gritar: Deus, mostra-me um milagre! E eis que uma criança nasceu. Mas
o homem não se debruçou sobre ela para admirar o milagre da vida. Desesperado,
voltou a gritar: Deus, se você existe, me toque e me deixa sentir a sua
presença, aqui e agora. E uma borboleta pousou, suavemente, em seu ombro. Mas
ele, irritado, a afastou com a mão”.
“Desiludido e entre
lágrimas, continuou seu caminho. Vagueando sem rumo. Sem nada mais perguntar.
Só e cheio de medo. Porque não soube ler os sinais da presença de Deus”.
A consequência dessa
desatenção, produziu desespero, solidão e a perda de enraizamento. O oposto à
crença em Deus não é o ateismo. Mas a sensação de solidão e de desamparo
existencial. Com Deus tudo se transfigura e se enche de sentido.
Para termos uma
verdadeira experiência de Deus precisamos ir além da razão racional que
compreende os fenômenos pela rama, calcula-os, manipula-os e insere-os no jogo
dos saberes da objetividade científica e também dos interesses humanos. Esse
espírito de cálculo pensa sobre Deus mas não percebe Deus.
Precisamos de outro
espírito, aquele que sente Deus: o espírito de finura e de cordialidade, de
encantamento e de veneração. É a razão cordial ou sensível. Ela sente Deus a
partir do coração.
Deus é mais para ser
sentido a partir da inteligência cordial do que para ser pensado a partir da
razão intelectual. Então nos damos conta de que nunca estávamos sós. Uma Presença
inefável, misteriosa e amorosa nos acompanhava.
Não será por isso que
nunca acabamos de perguntar por Deus, século após século? Não será por isso que
sempre arde o nosso coração quando nos entretemos com Ele? Não seria o advento
d’Ele, do sem Nome e do Mistério que nos habita?
Fonte:IHU - Notícias
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