Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quarta-feira, 8 de março de 2017

Como experimentar Deus hoje. - Artigo de Leonardo Boff. Muito interessante e útil para os dias atuais!



Hoje trago para o blog Indagações-Zapytania um excelente texto para a reflexão. O artigo Como experimentar Deus hoje, de Leonardo Boff, certamente pode servir  de ajuda  a quem procura a entender melhor a questão da fé do ser humano em Deus e, consequentemente,  pode ser últil para  a sua própria caminhada de fé.
Foi publicado  pelo autor no seu blog (leonardoBOFF.com) em setembro de 2016, mas certamente continua muito atual.
Vale a pena ler, analisar e refltir.
WCejnóg



IHU – Notícias
Quinta, 16 de junho de 2016

Como experimentar Deus hoje. Artigo de Leonardo Boff

"Apesar desta busca incansável, todos testemunham: “ninguém jamais viu Deus” (1 Jo 4,12). Moisés suplicou ver a glória de Deus. Mas Deus lhe disse: ”Não poderás ver a minha face porque ninguém me pode ver e permanecer vivo”(Ex 33, 20). Se não podemos vê-lo, poderemos identificar sinais de sua presença. Basta prestar atenção e abrirmo-nos à sensibilidade do coração", escreve Leonardo Boff, escritor, teólogo e filósofo.

Eis o artigo.

Nos dias atuais vivemos tempos tão atribulados poliiticamente que acabamos psicologicamente alterados. O não ver caminhos, andar às cegas, ao léu como um barco sem leme, nos tira o brilho da vida. Acabamos esquecendo das coisas essenciais.

É então que nos voltamos para aquela Fonte que sempre alimentou a humanidade, especialmente em tempos sombrios de crise generalizada. Sentimos saudades de Deus. E queremos experimentá-lo e senti-lo a partir do coração.

Se olharmos a história, constatamos que a humanidade sempre se perguntou pela Última Realidade. Dava-se conta de que não podia saciar sua sede infinita sem encontrar um objeto Infinito adequado à sua sede. Nem conseguiria explicar a grandeza do universo e a nossa própria existência sem apelar para aquilo que se convencionou chamar de Deus, embora tenha mil outros nomes conforme as diferentes culturas. Hoje, numa linguagem secular, vinda da nova cosmologia, falamos da “Fonte Originária de onde vem todos os seres”.

Apesar desta busca incansável, todos testemunham: “ninguém jamais viu Deus” (1 Jo 4,12). Moisés suplicou ver a glória de Deus. Mas Deus lhe disse: ”Não poderás ver a minha face porque ninguém me pode ver e permanecer vivo”(Ex 33, 20). Se não podemos vê-lo, poderemos identificar sinais de sua presença. Basta prestar atenção e abrirmo-nos à sensibilidade do coração.

Impressiona o testemunho de um indígena norte-americano Cherokee que conta de alguém que buscava desesperadamente Deus mas que não prestava atenção à sua presença em tantos sinais. Ele conta:
“Um homem sussurou: Deus, fale comigo! E um rouxinol começou a trinar. Mas o homem não prestou atenção. Voltou a perguntar: Deus, fale comigo! E um trovão reboou pelo espaço. Mas o homem não deu importância. Perguntou novamente: Deus , deixa-me vê-lo! E uma enorme lua brilhou no céu profundo. Mas o homem nem reparou. E, nervoso, começou a gritar: Deus, mostra-me um milagre! E eis que uma criança nasceu. Mas o homem não se debruçou sobre ela para admirar o milagre da vida. Desesperado, voltou a gritar: Deus, se você existe, me toque e me deixa sentir a sua presença, aqui e agora. E uma borboleta pousou, suavemente, em seu ombro. Mas ele, irritado, a afastou com a mão”.

“Desiludido e entre lágrimas, continuou seu caminho. Vagueando sem rumo. Sem nada mais perguntar. Só e cheio de medo. Porque não soube ler os sinais da presença de Deus”.

A consequência dessa desatenção, produziu desespero, solidão e a perda de enraizamento. O oposto à crença em Deus não é o ateismo. Mas a sensação de solidão e de desamparo existencial. Com Deus tudo se transfigura e se enche de sentido.

Para termos uma verdadeira experiência de Deus precisamos ir além da razão racional que compreende os fenômenos pela rama, calcula-os, manipula-os e insere-os no jogo dos saberes da objetividade científica e também dos interesses humanos. Esse espírito de cálculo pensa sobre Deus mas não percebe Deus.

Precisamos de outro espírito, aquele que sente Deus: o espírito de finura e de cordialidade, de encantamento e de veneração. É a razão cordial ou sensível. Ela sente Deus a partir do coração.

Deus é mais para ser sentido a partir da inteligência cordial do que para ser pensado a partir da razão intelectual. Então nos damos conta de que nunca estávamos sós. Uma Presença inefável, misteriosa e amorosa nos acompanhava.

Não será por isso que nunca acabamos de perguntar por Deus, século após século? Não será por isso que sempre arde o nosso coração quando nos entretemos com Ele? Não seria o advento d’Ele, do sem Nome e do Mistério que nos habita?

Estamos seguros que é Ele, quando não sentimos mais medo porque estamos na palma de sua mão. Então experimentamos discreta serenidade e irradiamos vida e bondade.

Fonte:IHU - Notícias



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