“O Reino dos Céus é como o
fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que
tudo fique fermentado”.(Mt 13, 33)
O comentário que trago
hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é
muito concreto e atual. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Mt 13, 24-43 (Jesus fala em parábolas às multidões).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler.
WCejnóg
IHU - ADITAL
21 julho 2017.
A importância do pequeno
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 13,24-43 que corresponde
ao 16º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol
José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Ao cristianismo foi muito prejudicial ao longo dos
séculos o triunfalismo, a sede de poder e a ânsia de impor-se aos
seus adversários. Todavia há cristãos que anseiam por uma Igreja poderosa que
encha os templos, conquiste as ruas e imponha a sua religião a toda a
sociedade.
Temos de voltar a ler as pequenas parábolas em que
Jesus deixa claro que a tarefa dos seus seguidores não é construir uma
religião poderosa, mas colocar-se a serviço do projeto humanizador do Pai
- o reino de Deus - semeando pequenas «sementes» de Evangelho e
introduzindo-as na sociedade como pequeno «fermento» de uma vida humana.
A primeira parábola fala de um grão de
mostarda que se semeia na horta. Que tem de especial esta semente? Que
é a mais pequena de todas, mas, quando cresce, converte-se num arbusto maior
que as hortaliças. O projeto do Pai tem um início muito humilde, mas a sua
força transformadora não podemos agora nem imaginar.
A atividade de Jesus na Galileia semeando gestos de
bondade e de justiça não é nada de grandioso nem espetacular: nem em Roma nem
no Templo de Jerusalém são conscientes do que está sucedendo. O trabalho que
realizamos hoje seus seguidores parece insignificante: os centros de
poder o ignoram.
Inclusive os mesmos cristãos podemos pensar que é
inútil trabalhar por um mundo melhor: o ser humano volta uma e outra vez a
cometer os mesmos horrores de sempre. Não somos capazes de captar o lento
crescimento do reino de Deus.
A segunda parábola fala de uma mulher que introduz
um pouco de levedura numa grande massa de farinha. Sem que
ninguém saiba como, a levedura vai trabalhando silenciosamente a massa até a
fermentar inteiramente.
Assim sucede com o projeto humanizador de Deus. Uma
vez que é introduzido no mundo, vai transformando silenciosamente a história
humana. Deus não atua impondo-se a partir de fora. Humaniza o
mundo atraindo as consciências dos seus filhos para uma vida mais digna, justa
e fraterna.
Temos de confiar em Jesus. O reino de Deus sempre é algo humilde e pequeno nos seus inícios, mas
Deus está já a trabalhar entre nós promovendo a solidariedade, o desejo de
verdade e de justiça, a ânsia de um mundo mais ditoso. Temos de colaborar com
Ele seguindo Jesus.
Uma Igreja menos poderosa, mais desprovida de
privilégios, mais pobre e mais próxima dos pobres sempre será uma Igreja mais
livre para semear sementes de Evangelho e mais
humilde para viver no meio das pessoas como fermento de uma vida mais digna e
fraterna.
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