“Eis que o semeador saiu a semear." (Mt
13, 1)
Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano
de fundo o texto bíblico Mt 13, 1-23 (Parábola do semeador). Já foi publicada anteriormente
neste espaço (em julho de 2014), mas continua muito atual. É de autoria do padre e teólogo espanhol José
Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU – ADITAL
14 julho 2017.
Semear
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 13, 1-23 que
corresponde ao 15º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o
texto
Ao terminar o relato da parábola do
semeador, Jesus faz esta chamada: «Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.».
Pede-nos que prestemos muita atenção à parábola. Mas, em que temos de refletir?
No semeador? Na semente? Nos diferentes terrenos?
Tradicionalmente, os cristãos têm
fixado quase exclusivamente nos terrenos em que cai a semente, para rever qual
é a nossa atitude ao escutar o Evangelho. No entanto é importante prestar
também atenção ao semeador e ao seu modo de semear.
É o primeiro que diz o relato: «Saiu
o semeador a semear». Age com uma confiança surpreendente. Semeia de forma
abundante. A semente cai e cai por todas as partes, inclusive onde parece
difícil que possa germinar. Assim o faziam os camponeses da Galileia, que
semeavam inclusive à beira dos caminhos e em terrenos pedregosos.
Às pessoas não lhes é difícil identificar
o semeador. Assim semeia Jesus a Sua mensagem. Veem-no sair
todas as manhãs anunciando a Boa Nova de Deus. Semeia a Sua Palavra entre as
pessoas simples, que a acolhem, e também entre os escribas e fariseus, que a
rejeitam. Nunca se desalenta. A Sua sementeira não será estéril.
Sobrecarregados por uma forte crise
religiosa, podemos pensar que o Evangelho perdeu a sua força original e que a
mensagem de Jesus já não tem garra para atrair a atenção do homem ou da mulher
de hoje. Certamente, não é o momento de «colher» êxitos chamativos, mas de
aprender a semear sem nos desalentarmos, com mais humildade e verdade.
Não é o Evangelho o que perdeu força
humanizadora; somos nós os que o estamos anunciando com uma fé débil e
vacilante. Não é Jesus o que perdeu poder de atração. Somos nós os que o desvirtuamos com as
nossas incoerências e contradições.
O papa Francisco diz que, quando um
cristão não vive uma adesão forte a Jesus, «depressa perde o entusiasmo e deixa
de estar seguro do que transmite, falta-lhe força e paixão. E uma pessoa que
não está convencida, entusiasmada, segura, apaixonada, não convence ninguém».
Evangelizar não é propagar uma
doutrina, mas fazer presente no meio da sociedade e no coração das pessoas a
força humanizadora e salvadora de Jesus. E isto não se pode fazer de
qualquer forma. O mais decisivo não é o número de predicadores, catequistas e
professores de religião, mas a qualidade evangélica que podemos irradiar os
cristãos. O que contagiamos? Indiferença ou fé convencida? Mediocridade
ou paixão por uma vida mais humana?
Fonte:
IHU – Comentário do Evangelho
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