“ Nesse momento, estava na sinagoga um homem possuído
por um espírito mau, que começou a gritar:
«Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei
quem tu és: tu és o Santo de Deus!».
Jesus ameaçou o espírito mau: «Cale-se, e saia dele!» Então o espírito mau sacudiu o homem com
violência, deu um grande grito e saiu dele.
Todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: «O que é
isso? Um ensinamento novo, dado com autoridade… Ele manda até nos espíritos
maus e eles obedecem!.” (Mc, 1,23-27)
Hoje, uma
excelente reflexão, muito concreta e atual. Pode ajudar muito a quem realmente
gostaria de entender melhor o episódio do Evangelho segundo Marcos, em que, na
sinagoga, Jesus cura um homem possuído pelo espírito imundo. (Texto: Mc 1, 21-28).
É de autoria do padre e teólogo
espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU – Adital
26 Janeiro 2017.
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,21-28 que corresponde ao
Quarto Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol
José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o
texto
Segundo Marcos, a primeira atuação
pública de Jesus foi a cura de um homem possuído por um espírito maligno na
sinagoga de Cafarnaum. É uma cena impressionante, narrada para que, desde o
início, os leitores descobrem o poder de cura e de libertação de Jesus.
É sábado e o povo encontra-se reunido
na sinagoga para escutar o comentário da Lei explicado pelos escribas. Pela
primeira vez Jesus vai proclamar a Boa Nova de Deus precisamente no
local onde se ensina oficialmente ao povo as tradições religiosas de Israel.
As pessoas ficam surpreendidas ao
escutá-Lo. Têm a impressão de que até agora escutaram notícias velhas, ditas
sem autoridade. Jesus é diferente. Não repete o que ouviu a outros.
Fala com autoridade. Anuncia com liberdade e sem medos um Deus bom.
De repente, um homem põe-se a
gritar: “Vieste destruir-nos?”. Ao escutar a mensagem de Jesus
sentiu-se ameaçado. O seu mundo religioso desmorona-se. Diz-nos que está
possuído por um «espírito imundo», hostil a Deus. Que forças
estranhas o impedem de continuar a escutar Jesus? Que experiências más e
perversas bloqueiam o caminho até o Deus bom que anuncia Jesus?
Jesus não se acovarda. Vê o pobre
homem oprimido pelo mal e grita: “Cala-te e sai deste homem!”.
Ordena que se calem essas vozes malignas que não lhe deixam encontrar-se com
Deus nem consigo mesmo. Que recupere o silêncio que cura o mais profundo do ser
humano.
O narrador descreve a cura de forma
dramática. Num último esforço para destruí-lo, o espírito «retorceu
violentamente e, fazendo um forte alarido, saiu dele». Jesus conseguiu
libertar o homem da sua violência interior. Colocou um fim às trevas e
ao medo a Deus. Daqui em diante poderá escutar a Boa Nova de Jesus.
Não poucas pessoas vivem no seu
interior imagens falsas de Deus que lhes fazem viver sem dignidade e sem
verdade. Sentem-no, não como uma presença amistosa que convida a viver de forma
criativa, mas como uma sombra ameaçadora que controla a sua existência. Jesus
sempre começa a curar-nos libertando-nos de um Deus opressor.
As Suas palavras despertam a
confiança e fazem desaparecer os medos. As Suas parábolas atraem para o amor de
Deus, não para a submissão cega da Lei. A Sua presença faz crescer a liberdade,
não os servilismos; suscita o amor à vida, não o
ressentimento. Jesus cura porque nos ensina a viver apenas da bondade, do
perdão e do amor, que não exclui ninguém. Cura, porque nos liberta do poder das
coisas, do autoengano e da egolatria.
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