Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

“Que procuramos.” – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? E eles disseram: Rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde moras?
Ele lhes disse: Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aquele dia; e era já quase a hora décima.” (Jo 1,38-39)

Abaixo, uma bonita reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 1, 35-42 (Jesus pergunta aos dois discípulos de João que foram atrás dele: Que buscais? ...). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg

IHU – ADITAL
12 Janeiro 2017.

Que procuramos

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 1,35-42 que corresponde ao Segundo Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola  comenta o texto. 

Eis o texto

As primeiras palavras que Jesus pronuncia no evangelho de João deixam-nos desconcertados, porque vão ao fundo e tocam as raízes mesmas da nossa vida. A dois discípulos do Batista que começam a segui-Lo, Jesus pergunta-lhes: "O que é que vocês estão procurando?".

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Não é fácil responder a esta pregunta simples, direta, fundamental, a partir do interior de uma cultura «fechada» como a nossa, que parece preocupar-se apenas com os meios, esquecendo sempre o fim último de tudo. Que é que procuramos exatamente?

Para alguns, a vida é «um grande supermercado» (D. Sölle), e o único que lhes interessa é adquirir objetos, o que lhes permita consolar um pouco a sua existência. Outros procuram escapar da doença, da solidão, da tristeza, dos conflitos ou do medo. Mas escapar, para onde? Dirigindo-se para quem?

Outros já não podem mais. O que querem é que os deixem sós. Esquecer os outros e ser esquecido por todos. Não se preocuparem com ninguém e que ninguém se preocupe com eles.

A maioria, procuramos simplesmente cobrir as nossas necessidades diárias e continuar a lutar para ver cumpridos os nossos pequenos desejos. Mas, mesmo que todos eles se cumprissem, ficaria o nosso coração satisfeito? Teria sido apaziguada a nossa sede de consolo, libertação e felicidade plena?

No fundo, não andaremos os seres humanos procurando algo mais que uma simples melhoria da nossa situação? Não ambicionamos algo que, certamente, não podemos esperar de nenhum projeto político ou social?

Diz-se que os homens e mulheres de hoje esqueceram Deus. Mas a verdade é que, quando um ser humano se interroga com um pouco de honradez, não lhe é fácil apagar do seu coração «a nostalgia do infinito».

Quem sou eu? Um ser minúsculo, surgido por azar numa parcela ínfima de espaço e de tempo, atirado à vida para desaparecer de seguida no nada, de onde fui tirado sem razão alguma e apenas para sofrer? Isso é tudo? Não há mais nada?

O mais honrado que pode fazer o ser humano é «procurar». Não fechar nenhuma porta. Não descartar nenhuma chamada. Procurar Deus, talvez com a última réstia das suas forças e da sua fé. Talvez a partir da mediocridade, da angústia ou do desalento.


Deus não joga às escondidas nem se esconde de quem o procura com sinceridade. Deus está já no interior mesmo dessa procura. Mais ainda. Deus deixa-se encontrar inclusive por quem apenas o procura. Assim diz o Senhor no livro de Isaías: «Eu deixei-me encontrar por quem não perguntava por Mim”. “Deixei-me encontrar por quem não me procurava. “Dize: ‘Aqui estou, aqui estou’” (Isaías 65,1-2).



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