“E Jesus, voltando-se e vendo
que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais? E eles disseram: Rabi (que,
traduzido, quer dizer Mestre), onde moras?
Ele lhes disse: Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aquele dia; e era já quase a hora décima.” (Jo 1,38-39)
Ele lhes disse: Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aquele dia; e era já quase a hora décima.” (Jo 1,38-39)
Abaixo, uma bonita reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 1, 35-42 (Jesus pergunta aos dois discípulos de João que foram atrás dele: Que buscais? ...). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O
texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a
pena ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
12
Janeiro 2017.
Que
procuramos
A
leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo
segundo João 1,35-42 que corresponde ao Segundo Domingo do Tempo
Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis
o texto
As
primeiras palavras que Jesus pronuncia no evangelho de João deixam-nos
desconcertados, porque vão ao fundo e tocam as raízes mesmas da nossa vida. A
dois discípulos do Batista que começam a segui-Lo, Jesus pergunta-lhes: "O
que é que vocês estão procurando?".
Não
é fácil responder a esta pregunta simples, direta, fundamental, a partir do
interior de uma cultura «fechada» como a nossa, que parece preocupar-se apenas
com os meios, esquecendo sempre o fim último de tudo. Que é que
procuramos exatamente?
Para
alguns, a vida é «um grande supermercado» (D. Sölle), e o único que lhes
interessa é adquirir objetos, o que lhes permita consolar um pouco a sua
existência. Outros procuram escapar da doença, da solidão, da tristeza, dos
conflitos ou do medo. Mas escapar, para onde? Dirigindo-se para quem?
Outros
já não podem mais.
O que querem é que os deixem sós. Esquecer os outros e ser esquecido por todos.
Não se preocuparem com ninguém e que ninguém se preocupe com eles.
A
maioria, procuramos simplesmente cobrir as nossas necessidades diárias e
continuar a lutar para ver cumpridos os nossos pequenos desejos. Mas, mesmo que
todos eles se cumprissem, ficaria o nosso coração satisfeito? Teria sido
apaziguada a nossa sede de consolo, libertação e felicidade plena?
No
fundo, não andaremos os seres humanos procurando algo mais que
uma simples melhoria da nossa situação? Não ambicionamos algo que, certamente,
não podemos esperar de nenhum projeto político ou social?
Diz-se
que os homens e mulheres de hoje esqueceram Deus. Mas a verdade é que, quando
um ser humano se interroga com um pouco de honradez, não lhe é fácil apagar do
seu coração «a nostalgia do infinito».
Quem
sou eu? Um
ser minúsculo, surgido por azar numa parcela ínfima de espaço e de tempo,
atirado à vida para desaparecer de seguida no nada, de onde fui tirado sem
razão alguma e apenas para sofrer? Isso é tudo? Não há mais nada?
O
mais honrado que pode fazer o ser humano é «procurar». Não fechar nenhuma
porta. Não descartar nenhuma chamada. Procurar Deus, talvez com a última réstia
das suas forças e da sua fé. Talvez a partir da mediocridade, da angústia ou do
desalento.
Deus
não joga às escondidas nem se esconde de quem o procura com sinceridade. Deus
está já no interior mesmo dessa procura. Mais ainda. Deus deixa-se
encontrar inclusive por quem apenas o procura. Assim diz o Senhor no livro
de Isaías: «Eu deixei-me encontrar por quem não perguntava por Mim”. “Deixei-me
encontrar por quem não me procurava. “Dize: ‘Aqui estou, aqui estou’” (Isaías
65,1-2).
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