A reflexão que trago hoje para o blog
Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito
atual e bem concreta. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Mc 6, 7-13 (Jesus envia os seus discípulos em missão).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale
a pena ler.
WCejnóg
IHU – ADITAL
13 Julho 2018
Nova etapa evangelizadora
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,7-13 que
corresponde ao 15° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
O papa Francisco está a chamar-nos
para uma «nova etapa evangelizadora marcada pela alegria de Jesus».
Em que pode consistir? Onde pode estar a sua novidade? Que temos de mudar? Qual
foi realmente a intenção de Jesus ao enviar os seus discípulos a prolongar a
Sua tarefa evangelizadora?
O relato de Marcos deixa claro que só Jesus
é a fonte, o inspirador e o modelo da ação evangelizadora dos Seus
seguidores. Não farão nada em nome próprio. São «enviados» de Jesus. Não
predicarão sobre si mesmos: anunciarão o Seu Evangelho. Não terão outros
interesses: só se dedicarão a abrir caminhos para o reino de Deus.
A única maneira de impulsionar uma «nova etapa
evangelizadora marcada pela alegria de Jesus» é purificar e
intensificar esta vinculação com Jesus. Não haverá nova evangelização se
não há novos evangelizadores, e não haverá novos evangelizadores se não há um
contato mais vivo, lúcido e apaixonado com Jesus. Sem Ele faremos tudo, menos
introduzir o Seu Espírito no mundo.
Ao enviá-los, Jesus não deixa os Seus discípulos
abandonados às suas forças. Dá-lhes o Seu «poder», que não é um
poder para controlar, governar ou dominar os outros, mas a Sua força para
«expulsar espíritos imundos», libertando as pessoas do que as escraviza, oprime
e desumaniza.
Os discípulos sabem muito bem do que Jesus os
encarrega. Nunca o viram a governar ninguém. Sempre o conheceram curando
feridas, aliviando o sofrimento, regenerando vidas, libertando de medos,
contagiando confiança em Deus. «Curar» e «libertar» são tarefas
prioritárias na atuação de Jesus. Dariam um rosto radicalmente diferente à
nossa evangelização.
Jesus envia-os com o necessário para caminhar.
Segundo Marcos, só levarão bastão, sandálias e uma túnica. Não necessitam nada
mais para serem testemunhas do essencial. Jesus quer vê-los livres e
sem estarem atados; sempre disponíveis, sem instalar-se no bem-estar; confiando
na força do Evangelho.
Sem recuperar este estilo evangélico não há «nova
etapa evangelizadora». O importante não é colocar em marcha novas atividades e
estratégias, mas desprendermo-nos de costumes, estruturas e subordinações que
nos estão a impedir de ser livres para contagiar o essencial do Evangelho com
verdade e simplicidade.
Na Igreja temos perdido esse estilo itinerante que
sugere Jesus. O Seu caminhar é lento e pesado. Não sabemos acompanhar a
humanidade. Não temos agilidade para passar de uma cultura já do passado para a
cultura atual. Agarramo-nos ao poder que tivemos. Enredamo-nos em interesses
que não coincidem com o reino de Deus. Necessitamos conversão.
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