Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 6 de julho de 2018

“Rejeitado entre os seus”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



(...) “Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Não estão aqui conosco as suas irmãs? " E ficavam escandalizados por causa dele.  Jesus lhes disse: "Só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra". (Mc 6, 3-4)

Hoje, uma excelente reflexão, muito atual, concreta e importante. Como pano de fundo  tem o texto bíblico Mc 6, 1-6  (Jesus não é bem recebido em sua própria terra - em Nazaré). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e meditar sobre esse assunto.
WCejnóg


IHU - ADITAL
06 Julho 2018.

Rejeitado entre os seus

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,1-6 que corresponde ao 14° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Jesus não é um sacerdote do Templo, ocupado em cuidar e promover a religião. Tampouco alguém o confunde com um Mestre da Lei, dedicado a defender a Torá de Moisés. Os camponeses da Galileia veem nos Seus gestos de cura e nas Suas palavras de fogo a atuação de um profeta movido pelo Espírito de Deus.

Jesus sabe que lhe espera uma vida difícil e conflituosa. Os dirigentes religiosos irão enfrentá-Lo. É o destino de todo profeta. Não suspeita, todavia, que será rejeitado precisamente entre os seus, os que melhor o conhecem desde criança.

Ao que parece, a rejeição de Jesus a Seu povo de Nazaré era muito comentada entre os primeiros cristãos. Três evangelistas recolhem o episódio com todos os detalhes. Segundo Marcos, Jesus chega a Nazaré acompanhado de discípulos e com fama de profeta curador. Os Seus vizinhos não sabem o que pensar.

Ao chegar sábado, Jesus entra na pequena sinagoga da povoação e «começa a ensinar». Seus vizinhos e familiares apenas o escutam. Entre eles nasce todo tipo de perguntas. Conhecem Jesus desde criança: é um vizinho a mais. Onde aprendeu essa mensagem surpreendente do reino de Deus? De quem recebeu essa força para curar? Marcos diz que Jesus «deixava-os desconcertados». Por quê?

Aqueles camponeses acreditam que sabem tudo de Jesus. Fizeram uma ideia Dele desde criança. Em lugar de acolhê-lo tal como se apresenta diante deles, ficam bloqueados pela imagem que têm Dele. Essa imagem impede-os de se abrirem ao mistério que se encerra em Jesus. Resistem a descobrir Nele a proximidade salvadora de Deus.

Mas há algo mais. Acolhê-Lo como profeta significa estar dispostos a escutar a mensagem que lhes dirige em nome de Deus. E isso pode trazer-lhes problemas. Eles têm a sua sinagoga, os seus livros sagrados e as suas tradições. Vivem com paz a sua religião. A presença profética de Jesus pode romper a tranquilidade da aldeia.

Os cristãos, temos imagens bastante diferentes de Jesus. Nem todas coincidem com a que tinham os que o conheceram de perto e o seguiram. Cada um de nós faz a sua ideia dele. Esta imagem condiciona a nossa forma de viver a fé. Se a nossa imagem de Jesus é pobre, parcial ou distorcida, a nossa fé será pobre, parcial ou alterada.

Por que nos esforçamos tão pouco em conhecer Jesus? Por que nos escandaliza recordar os Seus traços humanos? Por que resistimos a confessar que Deus se encarnou num profeta? Intuímos talvez que a Sua vida profética nos obrigaria a transformar profundamente as nossas comunidades e a nossa vida?

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