Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 27 de julho de 2018

“O gesto de um jovem” – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



Hoje, uma reflexão muito atual e importante. Como pano de fundo  tem o texto bíblico Jo 6,1-15 (Jesus e a fome do povo). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg


IHU – ADITAL
27 Julho 2018

O gesto de um jovem

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo João 6,1-15 que corresponde ao 17° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

De todos os atos realizados por Jesus durante sua atividade profética, o mais recordado pelas primeiras comunidades cristãs foi seguramente o da comida massiva organizada por Ele no meio do campo, nas cercanias do lago de Galileia. É o único episódio recolhido em todos os evangelhos.

O conteúdo do relato é de uma grande riqueza. Seguindo seu costume, o evangelho de João não lhe chama “milagre”, mas “sinal”. Com isso convida-nos a não ficarmos nos atos que se narram, mas a descobrir desde a fé um sentido mais profundo.

Jesus ocupa o lugar central. Ninguém pede que intervenha. É Ele mesmo quem intui a fome daquela gente e coloca a necessidade de alimentá-la. É comovedor saber que Jesus não só alimentava as pessoas com a Boa Nova de Deus, mas que lhe preocupava também a fome dos seus filhos.

Como alimentar no meio do campo uma multidão? Os discípulos não encontram nenhuma solução. Felipe diz que não se pode pensar em comprar pão, pois não têm dinheiro. André pensa que se poderia partilhar o que há, mas apenas um rapaz tem cinco pães e um par de peixes. Que é isso para tantos?

Para Jesus é suficiente. Esse jovem sem nome nem rosto vai tornar possível o que parece impossível. Sua disponibilidade para partilhar tudo o que tem é o caminho para alimentar aquelas pessoas. Jesus fará o resto. Toma em suas mãos os pães do jovem, dá graças a Deus e começa a “distribuí-los” entre todos.

A cena é fascinante. Uma multidão, sentada sobre a relva verde do campo, partilhando uma comida gratuita num dia de primavera. Não é um banquete de ricos. Não há vinho nem carne. É a comida simples das pessoas que vivem junto ao lago: pão de cevada e peixe salgado. Uma comida fraterna servida por Jesus a todos graças ao gesto generoso de um jovem.

Esta comida partilhada era para os primeiros cristãos um símbolo atrativo da comunidade nascida de Jesus para construir uma humanidade nova e fraterna. Evocava-lhes ao mesmo tempo a eucaristia que celebrava o dia do Senhor para alimentar-se do espírito e da força de Jesus: o Pão vivo vindo de Deus.

Mas nunca esqueceram o gesto do jovem. Se há fome no mundo, não é por escassez de alimentos, mas por falta de solidariedade. Há pão para todos, falta generosidade para o partilhar. Temos deixado o andar do mundo nas mãos de um poder econômico inumano, dá-nos medo partilhar o que temos, e as pessoas morrem de fome pelo nosso egoísmo irracional.



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