“E a multidão viu-os partir, e muitos o
conheceram; e correram para lá, a pé, de todas as cidades, e ali chegaram
primeiro do que eles, e aproximavam-se dele. E Jesus, saindo, viu uma grande
multidão, e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor;
e começou a ensinar-lhes muitas coisas.”
(Mc 6, 33-34)
Hoje, uma
excelente reflexão, muito concreta e atual. Como pano de fundo tem o texto bíblico Mc 6, 30-34 (O povo como ovelhas sem pastor). É de autoria do padre e teólogo espanhol José
Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU -Adital
20 Julho 2018
O olhar de Jesus
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6, 30-34 que
corresponde ao 16° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o
texto
Marcos descreve com todo o detalhe a
situação. Jesus dirige-se numa barca com Seus discípulos a um lugar
tranquilo e retirado. Quer escutá-los com calma, pois voltaram cansados da
sua primeira correria evangelizadora e desejam partilhar a sua experiência com
o Profeta que os enviou.
O propósito de Jesus acaba frustrado.
As pessoas descobrem sua intenção e adiantam-se correndo pela margem. Quando
chegam ao lugar, encontram-se com uma multidão vinda de todas as aldeias em
redor. Como reagirá Jesus?
Marcos descreve graficamente a sua
atuação: os discípulos devem aprender como tratar as pessoas; nas
comunidades cristãs recorda-se como era Jesus com essas pessoas perdidas no
anonimato, das que ninguém se preocupa. “Ao desembarcar, Jesus viu uma grande
multidão, sentiu compaixão deles, pois eram como ovelhas sem pastor, e pôs-se a
ensinar muitas coisas.”
A primeira coisa que o evangelista
destaca é o olhar de Jesus. Não se irrita por terem interrompido os seus
planos. Olha-os demoradamente e comove-se. As pessoas nunca o
incomodam. Seu coração intui a desorientação e o abandono em que se encontram
os camponeses daquelas aldeias.
Na Igreja temos de aprender a olhar
as pessoas como olhava Jesus: captando o sofrimento, a solidão, o desconcerto
ou o abandono que sofrem muitos. A compaixão não brota da atenção às
normas ou à recordação das nossas obrigações. Desperta-se em nós quando
olhamos atentamente os que sofrem.
Desde esse olhar, Jesus descobre a
necessidade mais profunda daquelas pessoas: andam “como ovelhas sem
pastor”. O ensino que recebem dos letrados da Lei não lhes oferece o
alimento de que necessitam. Vivem sem que ninguém cuide realmente delas. Não
têm um pastor que as guie e as defenda.
Movido pela Sua compaixão, Jesus
“ensina-lhes muitas coisas”. Com calma, sem
pressa, dedica-se pacientemente a ensinar-lhes a Boa Nova de Deus. Não o faz
por obrigação. Não pensa em si mesmo. Comunica-lhes a Palavra de Deus, comovido
pela necessidade que têm de um pastor.
Não podemos permanecer indiferentes
ante tanta gente que, dentro das nossas comunidades cristãs, anda a procurar um
alimento mais sólido que o que recebe. Não temos de aceitar como normal
a desorientação religiosa dentro da Igreja. Temos de reagir de forma
lúcida e responsável. Não poucos cristãos procuram ser melhor alimentados.
Necessitam de pastores que lhes transmitam a mensagem de Jesus.
Fonte: IHU – Comentário doEvangelho
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