Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 20 de julho de 2018

“O olhar de Jesus”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!




E a multidão viu-os partir, e muitos o conheceram; e correram para lá, a pé, de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles, e aproximavam-se dele. E Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.”
(Mc 6, 33-34)

Hoje, uma excelente reflexão, muito concreta e atual. Como pano de fundo  tem o texto bíblico Mc 6, 30-34 (O povo como ovelhas sem pastor). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg


IHU -Adital
20 Julho 2018

O olhar de Jesus

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6, 30-34 que corresponde ao 16° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Marcos descreve com todo o detalhe a situação. Jesus dirige-se numa barca com Seus discípulos a um lugar tranquilo e retirado. Quer escutá-los com calma, pois voltaram cansados da sua primeira correria evangelizadora e desejam partilhar a sua experiência com o Profeta que os enviou.

O propósito de Jesus acaba frustrado. As pessoas descobrem sua intenção e adiantam-se correndo pela margem. Quando chegam ao lugar, encontram-se com uma multidão vinda de todas as aldeias em redor. Como reagirá Jesus?

Marcos descreve graficamente a sua atuação: os discípulos devem aprender como tratar as pessoas; nas comunidades cristãs recorda-se como era Jesus com essas pessoas perdidas no anonimato, das que ninguém se preocupa. “Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão, sentiu compaixão deles, pois eram como ovelhas sem pastor, e pôs-se a ensinar muitas coisas.”

A primeira coisa que o evangelista destaca é o olhar de Jesus. Não se irrita por terem interrompido os seus planos. Olha-os demoradamente e comove-se. As pessoas nunca o incomodam. Seu coração intui a desorientação e o abandono em que se encontram os camponeses daquelas aldeias.

Na Igreja temos de aprender a olhar as pessoas como olhava Jesus: captando o sofrimento, a solidão, o desconcerto ou o abandono que sofrem muitos. A compaixão não brota da atenção às normas ou à recordação das nossas obrigações. Desperta-se em nós quando olhamos atentamente os que sofrem.

Desde esse olhar, Jesus descobre a necessidade mais profunda daquelas pessoas: andam “como ovelhas sem pastor”. O ensino que recebem dos letrados da Lei não lhes oferece o alimento de que necessitam. Vivem sem que ninguém cuide realmente delas. Não têm um pastor que as guie e as defenda.

Movido pela Sua compaixão, Jesus “ensina-lhes muitas coisas”. Com calma, sem pressa, dedica-se pacientemente a ensinar-lhes a Boa Nova de Deus. Não o faz por obrigação. Não pensa em si mesmo. Comunica-lhes a Palavra de Deus, comovido pela necessidade que têm de um pastor.

Não podemos permanecer indiferentes ante tanta gente que, dentro das nossas comunidades cristãs, anda a procurar um alimento mais sólido que o que recebe. Não temos de aceitar como normal a desorientação religiosa dentro da Igreja. Temos de reagir de forma lúcida e responsável. Não poucos cristãos procuram ser melhor alimentados. Necessitam de pastores que lhes transmitam a mensagem de Jesus.



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