“ Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido,
temendo e tremendo, aproximou-se, e prostrou-se diante dele, e disse-lhe toda a
verdade. E ele lhe disse: < Filha, a tua fé te salvou; vai em paz, e sê
curada deste teu mal.>” (Mc 5, 33-34)
Abaixo, uma reflexão muito
concreta e atual, do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola, que tem como
pano de fundo o texto bíblico Mc 5, 21-43 (Uma mulher doente e humilde veio por
detrás, entre a multidão e toca na veste de Jesus. A sua fé torna-se exemplo
para todos).
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
29
Junho 2018
A
fé grande de uma mulher
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 5,21-43 que
corresponde ao 13° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o
texto
A cena é surpreendente. O evangelista
Marcos apresenta uma mulher desconhecida como modelo de fé para
as comunidades cristãs. Dela aprenderão como procurar Jesus com fé, como chegar
a um contato com Ele que os cure e como encontrar Nele a força para iniciar uma
vida nova, cheia de paz e saúde.
Diferentemente de Jairo, identificado
como «chefe da sinagoga» e homem importante em Cafarnaum, esta mulher
não é ninguém. Só sabemos que padece de uma doença secreta,
tipicamente feminina, que lhe impede de viver de forma sã a sua vida de mulher,
esposa e mãe.
Sofre muito física e moralmente.
Arruinou-se procurando ajuda nos médicos, mas ninguém a pôde curar. No entanto
resiste a viver para sempre como uma mulher doente. Está só. Ninguém a ajuda a
aproximar-se de Jesus, mas ela saberá encontrar-se com Ele.
Não espera passivamente que Jesus se
aproxime e lhe imponha as Suas mãos. Ela mesma o procurará. Irá
superando todos os obstáculos. Fará tudo o que possa e saiba. Jesus
compreenderá o seu desejo de uma vida mais sã. Confia plenamente na Sua força
curadora.
A mulher não se contenta só com ver
Jesus de longe. Procura um contato mais direto e pessoal. Atua com
determinação, mas não de forma amalucada. Não quer incomodar ninguém.
Aproxima-se por detrás, entre as pessoas, e toca-Lhe no manto. Nesse gesto
delicado concretiza e expressa a sua confiança total em Jesus.
Tudo ocorreu em segredo, mas Jesus
quer que todos conheçam a fé grande desta mulher. Quando ela assustada e
temorosa confessa o que fez, Jesus diz-lhe: “Filha, a tua fé curou-te”.
“Vai em paz e com saúde”. Esta mulher, com a sua capacidade para procurar e
acolher a salvação que se nos oferece em Jesus, é um modelo de fé para todos
nós.
Quem ajuda as mulheres dos nossos
dias a encontrar-se com Jesus? Quem
se esforça por compreender os obstáculos que encontram em alguns setores da
Igreja atual para viver a sua fé em Cristo «em paz e com saúde»? Quem
valoriza a fé e os esforços das teólogas que, com pouco apoio e vencendo toda a
classe de resistências e rejeições, trabalham sem descanso por abrir caminhos
que permitam à mulher viver com mais dignidade na Igreja de Jesus?
As mulheres não encontram entre nós o
acolhimento, a valorização e a compreensão que encontravam em Jesus. Não
sabemos olhar como as olhava Ele. No entanto, com frequência, elas são também
hoje as que com a sua fé em Jesus e o seu alento evangélico sustentam a
vida de não poucas comunidades cristãs.
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