“Enquanto
comiam, Jesus tomou o pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o e
entregou-lhes, dizendo:’Tomai, isto é o meu corpo’. Em seguida, tomou o cálice, deu graças,
entregou-lhes, e todos beberam dele. Jesus lhes disse: ‘Isto é o meu
sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos.’ “. (Mc 14, 22-24)
Hoje trago para o blog
Indagações-Zapytania uma reflexão muito boa e atual sobre a Eucaristia.
Principalmente nos tempos de hoje uma reflexão como esta deveria ser lida e
assimilada por todos os cristãos, mas sobretudo pelos católicos. A festa de Corpus Christii celebrada ontem (31/05) reforça
ainda mais esse convite para leitura.
O texto é de autoria do
padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 14, 12-16;22-26.
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Muito
boa. Vale a pena ler.
WCejnóg
IHU - ADITAL
31 maio 2018.
Eucaristia e crise
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 14, 12-16; 22-26 que corresponde à
Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Todos os cristãos o sabem. A eucaristia
dominical pode-se converter facilmente num “refúgio religioso” que nos protege
da vida conflituosa em que nos movemos ao longo da semana. É tentador ir à
missa para partilhar uma experiência religiosa que nos permite descansar dos
problemas, tensões e más notícias que nos pressionam por todos os
lados. Por vezes somos sensíveis ao que afeta a dignidade da celebração,
mas preocupa-nos menos esquecer-nos das exigências do que significa celebrar a
ceia do Senhor. Incomoda-nos que um sacerdote não siga estritamente a normativa
ritual, mas podemos continuar a celebrar rotineiramente a missa sem escutar as
chamadas do Evangelho.
O risco é sempre o mesmo: comungar com Cristo no
íntimo do coração, sem nos preocupar de comungar com os irmãos que
sofrem. Partilhar o pão da eucaristia e ignorar a fome de milhões de
irmãos privados de pão, de justiça e de futuro.
Nos próximos anos vão-se agravar os efeitos da
crise muito mais do que nós temíamos. A cascata de medidas que nos ditam de
forma inapelável e implacável irá fazer crescer entre nós uma
desigualdade injusta. Iremos ver como pessoas próximas de nós vão
empobrecendo até ficar à mercê de um futuro incerto e imprevisível.
Conheceremos de perto imigrantes privados de
assistência sanitária, doentes sem saber como resolver os seus problemas de
saúde ou de medicamentos, famílias obrigadas a viver da caridade, pessoas
ameaçadas pelo despejo, gente sem assistência, jovens sem um futuro nada
claro... Não o poderemos evitar. Ou endurecemos os nossos hábitos
egoístas de sempre ou nos fazemos mais solidários.
A celebração da eucaristia no meio desta sociedade
em crise pode ser um lugar de consciencialização. Necessitamos nos libertar de uma cultura individualista que nos
habituou a viver pensando só nos nossos próprios interesses, para aprender
simplesmente a ser mais humanos. Toda
a eucaristia está orientada a criar fraternidade.
Não é normal escutar todos os domingos ao longo do
ano o Evangelho de Jesus sem reagir ante as Suas chamadas. Não podemos pedir ao Pai “o pão nosso de cada dia” sem pensar naqueles
que têm dificuldades para obtê-lo. Não podemos comungar com Jesus sem nos
fazermos mais generosos e solidários. Não podemos nos dar a paz uns aos outros
sem estar dispostos a estender uma mão a quem está mais só e indefenso ante a
crise.
Fonte:
IHU – Comentário do Evangelho
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