Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 1 de junho de 2018

“Eucaristia e crise” – Reflexão de José Antônio Pagola. Muito boa!



Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o e entregou-lhes, dizendo:’Tomai, isto é o meu corpo’.  Em seguida, tomou o cálice, deu graças, entregou-lhes, e todos beberam dele. Jesus lhes disse: ‘Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos.’ “.  (Mc 14, 22-24)

Hoje trago para o blog Indagações-Zapytania uma reflexão muito boa e atual sobre a Eucaristia. Principalmente nos tempos de hoje uma reflexão como esta deveria ser lida e assimilada por todos os cristãos, mas sobretudo pelos católicos. A festa de Corpus Christii celebrada ontem (31/05) reforça ainda mais esse convite para leitura.
O texto é de autoria do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 14, 12-16;22-26.
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Muito boa. Vale a pena ler.
WCejnóg


IHU - ADITAL
31 maio 2018.

Eucaristia e crise

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 14, 12-16; 22-26 que corresponde à Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Todos os cristãos o sabem. A eucaristia dominical pode-se converter facilmente num “refúgio religioso” que nos protege da vida conflituosa em que nos movemos ao longo da semana. É tentador ir à missa para partilhar uma experiência religiosa que nos permite descansar dos problemas, tensões e más notícias que nos pressionam por todos os lados. Por vezes somos sensíveis ao que afeta a dignidade da celebração, mas preocupa-nos menos esquecer-nos das exigências do que significa celebrar a ceia do Senhor. Incomoda-nos que um sacerdote não siga estritamente a normativa ritual, mas podemos continuar a celebrar rotineiramente a missa sem escutar as chamadas do Evangelho.

O risco é sempre o mesmo: comungar com Cristo no íntimo do coração, sem nos preocupar de comungar com os irmãos que sofrem. Partilhar o pão da eucaristia e ignorar a fome de milhões de irmãos privados de pão, de justiça e de futuro.

Nos próximos anos vão-se agravar os efeitos da crise muito mais do que nós temíamos. A cascata de medidas que nos ditam de forma inapelável e implacável irá fazer crescer entre nós uma desigualdade injusta. Iremos ver como pessoas próximas de nós vão empobrecendo até ficar à mercê de um futuro incerto e imprevisível.

Conheceremos de perto imigrantes privados de assistência sanitária, doentes sem saber como resolver os seus problemas de saúde ou de medicamentos, famílias obrigadas a viver da caridade, pessoas ameaçadas pelo despejo, gente sem assistência, jovens sem um futuro nada claro... Não o poderemos evitar. Ou endurecemos os nossos hábitos egoístas de sempre ou nos fazemos mais solidários.

A celebração da eucaristia no meio desta sociedade em crise pode ser um lugar de consciencialização. Necessitamos nos libertar de uma cultura individualista que nos habituou a viver pensando só nos nossos próprios interesses, para aprender simplesmente a ser mais humanos. Toda a eucaristia está orientada a criar fraternidade.

Não é normal escutar todos os domingos ao longo do ano o Evangelho de Jesus sem reagir ante as Suas chamadas. Não podemos pedir ao Pai “o pão nosso de cada dia” sem pensar naqueles que têm dificuldades para obtê-lo. Não podemos comungar com Jesus sem nos fazermos mais generosos e solidários. Não podemos nos dar a paz uns aos outros sem estar dispostos a estender uma mão a quem está mais só e indefenso ante a crise.

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho



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