Hoje, uma reflexão muito concreta e atual. Como pano de fundo tem o texto bíblico Mt 28, 16-20 (Jesus envia os discípulos em missão, fala da
Trindade e lhes garante, que estará sempre com eles). É de
autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
25
Maio 2018
O
melhor amigo
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 28,16-20 que
corresponde à Solenidade da Trindade, ciclo B, do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
No núcleo da fé cristã num Deus trinitário há uma
afirmação essencial. Deus não é um ser tenebroso e impenetrável, encerrado
egoistamente em si mesmo. Deus é Amor e só Amor.
Os cristãos, acreditamos que no Mistério último da
realidade, dando sentido e consistência a tudo, não há senão Amor. Jesus não
escreveu nenhum tratado acerca de Deus. Em nenhum momento o encontramos expondo
aos camponeses da Galileia doutrina sobre Ele. Para Jesus, Deus não é um
conceito, uma bela teoria, uma definição sublime. Deus é o melhor Amigo
do ser humano.
Os investigadores não duvidam de um elemento que
recolhem os evangelhos. As pessoas que escutavam Jesus falar de Deus e o viam
atuar em Seu nome experimentavam Deus como uma Boa Nova. O que
Jesus diz de Deus representa algo de novo e bom. A experiência que comunica e
contagia parece-lhes a melhor notícia que podem escutar de Deus. Por quê?
Talvez o primeiro que captam é que Deus é
de todos, não só dos que se sentem dignos para apresentar-se ante Ele no
Templo. Deus não está atado a um lugar sagrado. Não pertence a uma religião.
Não é propriedade dos piedosos que peregrinam a Jerusalém. Segundo Jesus,
“faz sair o Seu sol sobre bons e maus”. Deus não exclui nem discrimina ninguém.
Jesus convida todos a confiar Nele: “Quando oreis, dizei: ‘Pai!’”.
Com Jesus vão descobrindo que Deus não é só dos que
se aproximam Dele carregados de méritos. Antes deles escuta a quem lhe pede
compaixão, porque se sentem pecadores sem remédio. Segundo Jesus, Deus
anda sempre a procurar os que vivem perdidos. Por isso se sente tão amigo
de pecadores. Por isso lhes diz que Ele “veio procurar e salvar o que estava
perdido”.
Também se dão conta de que Deus não é só
dos sábios e entendidos. Jesus dá graças ao Pai porque gosta de
revelar as pequenas coisas que lhes estão ocultas aos ilustrados. Deus tem menos
problemas para entender-se com o povo simples que com os doutos que acreditam
saber tudo.
Mas foi sem dúvida a vida de Jesus, dedicada em
nome de Deus a aliviar o sofrimento dos doentes, libertar os possuídos por
espíritos malignos, resgatar leprosos da marginalização, oferecer o perdão a
pecadores e prostitutas..., o que os convenceu de que Jesus experimentava Deus
como o melhor Amigo do ser humano, que só procura o nosso bem e só se opõe ao
que nos faz mal. Os seguidores de Jesus nunca puseram em dúvida que o Deus
encarnado e revelado em Jesus é Amor e só Amor para todos.
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