Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 11 de maio de 2018

“Novo começo”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!




“Depois de lhes ter falado, o Senhor Jesus foi elevado ao céu e assentou-se à direita de Deus. Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando-lhes a palavra com os sinais que a acompanhavam.” (Mc 16, 19-20)

Abaixo, uma excelente reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 16, 15-20  (Jesus se despede dos discípulos, deixando claro, que confiará neles e continuará estando presente, de modo diferente, junto com eles), do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
WCejnóg

IHU – ADITAL
11 Maio 2018

Novo começo

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 16, 15-20, que corresponde a Festa da Ascensão do Senhor, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Os evangelistas descrevem com diferentes linguagens a missão que Jesus confia aos Seus seguidores. Segundo Mateus eles devem «fazer discípulos» que aprendam a viver como Ele lhes ensinou. Segundo Lucas, hão de ser «testemunhas» do que viveram junto Dele. Marcos resume tudo dizendo que hão de «proclamar o Evangelho a toda a criação». 

Quem se aproxima hoje de uma comunidade cristã não se encontra diretamente com o Evangelho. O que se apercebe é do funcionamento de uma religião envelhecida, com graves sinais de crise. Não podem identificar com clareza no interior dessa religião a Boa Nova proveniente do impacto provocado por Jesus há vinte séculos.

Por outro lado, muitos cristãos não conhecem diretamente o Evangelho. Tudo o que sabem de Jesus e da Sua mensagem é o que podem reconstruir de forma parcial e fragmentada, recordando o que escutaram de catequistas e predicadores. Vivem a sua religião privados do contato pessoal com o Evangelho. 

Como o poderão proclamar se não o conhecem nas suas próprias comunidades? O Concílio Vaticano II recordou algo demasiado esquecido nestes momentos: «O Evangelho é, em todos os tempos, o princípio de toda a sua vida para a Igreja». Chegou o momento de entender e configurar a comunidade cristã como um lugar onde o primeiro é acolher o Evangelho de Jesus.

Nada pode regenerar o tecido em crise das nossas comunidades como a força do Evangelho. Só a experiência direta e imediata do Evangelho pode revitalizar a Igreja. Dentro de uns anos, quando a crise nos obrigue a centrar-nos só no essencial, veremos com clareza que nada é mais importante hoje para os cristãos que nos reunirmos a ler, escutar e partilhar juntos os relatos evangélicos.

O primeiro é acreditar na força regeneradora do Evangelho. Os relatos evangélicos ensinam a viver a fé não por obrigação, mas por atração. Fazem viver a vida cristã não como dever, mas como irradiação e contágio. É possível introduzir nas paróquias uma dinâmica nova. Reunidos em pequenos grupos, em contato com o Evangelho, iremos recuperando a nossa verdadeira identidade de seguidores de Jesus.

Havemos de voltar ao Evangelho como novo começo. Já não serve qualquer programa ou estratégia pastoral. Dentro de uns anos, escutar juntos o Evangelho de Jesus não será uma atividade mais entre outras, mas a matriz de onde começará a regeneração da fé cristã nas pequenas comunidades dispersas no meio de uma sociedade secularizada.

Tem razão o papa Francisco quando nos diz que o princípio e motor da renovação da Igreja nestes tempos temos de encontrá-lo em «voltar à fonte e recuperar a frescura original do Evangelho».
  


Nenhum comentário:

Postar um comentário