“Como
meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se
guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu
guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos
disse isso, para que minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena.”
(Jo, 15, 9-11)
Abaixo, uma reflexão muito concreta e atual, que tem como pano de
fundo o texto bíblico Jo 15, 9-17 (Jesus fala a seus discípulos sobre a fonte da verdadeira alegria), do padre e
teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
04 Maio 2018.
Uma alegria diferente
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é
o Evangelho segundo João 15,9-17, que corresponde ao Sexto
Domingo
da Páscoa, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
da Páscoa, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Não é fácil a alegria. Os momentos de autêntica felicidade parecem pequenos parêntesis no
meio de uma existência de onde brotam constantemente a dor, a inquietação e a insatisfação. O mistério da
verdadeira alegria é algo estranho para muitos homens e mulheres. Todavia sabem
quiçá rir às gargalhadas, mas esqueceram o que é um sorriso alegre, nascido do
mais profundo do ser. Têm quase tudo, mas nada os satisfaz na verdade. Estão
rodeados de objetos valiosos e práticos, mas nada sabem do amor e da amizade.
Correm pela vida absorvidos por mil tarefas e preocupações, mas se esqueceram
de que estamos feitos para a alegria.
Por isso, algo se desperta em nós quando escutamos
as palavras de Jesus: falei-vos «para que participeis da minha alegria, e para
que a vossa alegria seja completa». A nossa alegria é frágil, pequena
e está sempre ameaçada. Mas algo grande nos é prometido. Poder partilhar a
alegria mesma de Jesus. A Sua alegria pode ser a nossa.
O pensamento de Jesus é claro. Se não há
amor, não há vida. Não há comunicação com Ele. Não há experiência do Pai.
Se falta o amor na nossa vida, não fica mais que o vazio e a ausência de Deus. Podemos
falar de Deus, imaginá-lo, mas não experimentá-lo como fonte de gozo verdadeiro. Então o vazio enche-se de deuses falsos que
tomam o lugar do Pai, mas que não podem fazer brotar em nós a verdadeira alegria que o nosso coração pretende.
Quiçá os cristãos de hoje pensamos pouco na alegria
de Jesus e não temos aprendido a «desfrutar» da vida, seguindo os
Seus passos. As Suas chamadas para procurar a felicidade verdadeira perderam-se
no vazio talvez porque continuamos obstinados em pensar que o caminho mais
seguro de encontrá-lo é o que passa pelo poder, o dinheiro ou o sexo.
A alegria de Jesus é a de quem vive com uma confiança
limpa e incondicional no Pai. A alegria do que sabe acolher a vida com
agradecimento. A alegria do que descobriu que a existência inteira é uma
graça.
Mas a vida extingue-se tristemente em nós se a
guardamos para nós próprios, sem saber como a oferecer. A alegria de Jesus
não consiste em desfrutar egoisticamente da vida. É a alegria
de quem dá vida e sabe criar as condições necessárias para que cresça
e se desenvolva de forma cada vez mais digna e mais sã. Está aqui um dos
ensinamentos-chave do Evangelho. Só é feliz quem faz um mundo mais feliz. Só
conhece a alegria quem a sabe oferecer. Só vive quem faz viver.
Fonte: IHU - Comentário do Evangelho
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