“E dizia: O reino de Deus é assim
como se um homem lançasse semente à terra. E dormisse, e se levantasse de noite
ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a
terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o
grão cheio na espiga.” (Mc 4, 26-28)
A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania,
do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreta e atual. Tem como pano de fundo o texto
bíblico Mc 4, 26-34
(Parábola
da semente).
Foi
publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Muito
boa. Não deixe de ler.
WCejnóg
IHU – ADITAL
15 junho 2018
Com humildade e confiança
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é
o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 4, 26-34 que
corresponde ao 11° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
A Jesus preocupava-o que os seus seguidores
terminassem um dia desalentados ao ver que os seus esforços por um mundo mais
humano e ditoso não obtinham o êxito esperado. Esqueceriam o reino de Deus?
Manteriam a sua confiança no Pai? O mais importante é que não esqueçam
nunca como hão de trabalhar.
Com exemplos tomados da experiência dos camponeses
da Galileia anima-os a trabalhar sempre com realismo, com paciência e com uma
confiança grande. Não é possível abrir caminhos para o reino de Deus de
qualquer forma. Têm de ver como Ele trabalha.
O primeiro que têm de saber é que a sua tarefa
é semear, e não colher. Não viverão pendentes dos
resultados. Não lhes há de preocupar a eficácia nem o êxito imediato. A sua
atenção deverá centrar-se em semear bem o Evangelho. Os colaboradores de Jesus
devem ser semeadores. Nada mais.
Depois de séculos de expansão religiosa e grande
poder social, os cristãos temos de recuperar na Igreja o gesto humilde
do semeador. Esquecer a lógica do colhedor, que sai sempre a recolher
frutos, e entrar na lógica paciente do que semeia um futuro melhor.
O início de todo o semear é sempre humilde. Mais
ainda, trata-se de semear o projeto de Deus no ser humano. A força do Evangelho
não é nunca algo espetacular ou clamoroso. Segundo Jesus, é como semear algo
tão pequeno e insignificante como «um grão de mostarda», que
germina secretamente no coração das pessoas.
Por isso o Evangelho só se pode semear com
fé. É o que Jesus quer lhes fazer ver com as suas pequenas parábolas.
O projeto de Deus de fazer um mundo mais humano leva dentro uma força salvadora
e transformadora que já não depende do semeador. Quando a Boa Nova desse Deus
penetra numa pessoa ou num grupo humano, ali começa a crescer algo que a nós
nos transborda.
Na Igreja não sabemos nestes momentos como atuar
nesta situação nova e inédita, no meio de uma sociedade cada vez mais
indiferente e niilista. Ninguém tem a receita. Ninguém sabe exatamente o que
deve fazer. O que necessitamos é procurar caminhos novos com a
humildade e a confiança de Jesus.
Tarde ou cedo, os cristãos, sentiremos a
necessidade de voltar ao essencial. Descobriremos que só a força de Jesus pode
regenerar a fé na sociedade descristianizada dos nossos dias. Então
aprenderemos a semear com humildade o Evangelho como início de uma fé renovada,
não transmitida pelos nossos esforços pastorais, mas sim gerada por Ele.
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