Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 22 de junho de 2018

“Por que tanto medo“. - Reflexão de José Antonio Pagola. Bem atual!



E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança. E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé? E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4, 39-41)


A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito atual e concreta. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 4, 35-41 (Jesus acalma uma tempestade).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler.
WCejnóg


IHU – ADITAL
 22 junho 2018.

Por que tanto medo?

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 4, 35-41 que corresponde ao 12° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

A barca em que vai Jesus e os Seus discípulos vê-se presa por uma daquelas tormentas imprevistas e furiosas que se levantam no lago da Galileia ao entardecer de alguns dias de calor. Marcos descreve o episódio para despertar a fé das comunidades cristãs, que vivem momentos difíceis.

O relato não é uma história tranquilizadora para consolar a nós cristãos de hoje com a promessa de uma proteção divina que permita à Igreja passear tranquila através da história. É a chamada decisiva de Jesus para fazer com Ele a travessia em tempos difíceis: «Por que sois tão covardes?”. Ainda não tendes fé?».

Marcos prepara a cena desde o início. Diz-nos que era «ao cair da tarde». Rapidamente caíram as trevas da noite sobre o lago. É Jesus quem toma a iniciativa daquela estranha travessia: «Vamos para a outra margem». A expressão não é nada inocente. Convida-os a passar juntos, na mesma barca, para outro mundo, mais além do conhecido: a região pagã da Decápolis.

De repente levanta-se uma forte tormenta, e as ondas batem contra a frágil embarcação, inundando-a. A cena é patética: na parte dianteira, os discípulos lutando impotentes contra a tempestade; na popa, num lugar mais elevado, Jesus dormindo tranquilamente sobre uma cabeceira.

Aterrorizados, os discípulos despertam Jesus. Não captam a confiança de Jesus no Pai. A única coisa que veem Nele é uma incrível falta de interesse por eles. Estão cheios de medo e nervosismo: «Mestre, não te importa que pereçamos?».

Jesus não se justifica. Coloca-se de pé e pronuncia uma espécie de exorcismo: o vento cessa de rugir e faz-se uma grande calma. Jesus aproveita essa paz e silêncio grandes para fazer-lhes duas perguntas que hoje chegam até nós: «Por que sois tão covardes? Ainda não tendes fé?».

O que está acontecendo com nós cristãos? Por que são tantos os nossos medos para afrontar este tempo crucial e tão pouca a nossa confiança em Jesus? Não é o medo de afundar que nos está bloqueando? Não é a busca cega de segurança que nos impede de fazer uma leitura mais lúcida, responsável e confiada destes tempos?

Por que resistimos a ver que Deus está conduzindo a Igreja até um futuro mais fiel a Jesus e ao Seu Evangelho? Por que procuramos segurança no conhecido e estabelecido no passado, e não escutamos a chamada de Jesus a «passar para a outra margem» para semear humildemente a Sua Boa Nova num mundo indiferente a Deus, mas tão necessitado de esperança?


Fonte: IHU - Comentário do Evangelho


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