“Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão
dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! “ (Mc 10, 23)
A reflexão que trago hoje para o blog
Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito
atual e bem concreta. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Mc 10, 17-30 (O jovem rico e Jesus).
Foi
publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Muito
boa. Vale a pena ler.
WCejnóg
IHU – ADITAL
12 Outubro 2018
Com Jesus no
meio da crise
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 10,17-30 que corresponde ao 28° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Antes de se pôr a caminho, um desconhecido
aproxima-se de Jesus a correr. Ao que parece tem pressa de resolver o seu
problema: «Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?». Não
lhe preocupam os problemas desta vida. Ele é rico. Tem tudo resolvido.
Jesus coloca-o perante a Lei de Moisés.
Curiosamente, não lembra os dez mandamentos, mas só os que proíbem de
atuar contra o próximo. O jovem é um homem bom, observante fiel da
religião judaica: «Tudo isso tenho cumprido desde jovem».
Jesus olha-o com carinho. É admirável a vida de uma
pessoa que não fez mal a ninguém. Jesus quer atraí-lo agora para que colabore
com Ele no Seu projeto de fazer um mundo mais humano, e faz-lhe uma proposta
surpreendente: «Uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens, dá o
dinheiro aos pobres... e depois vem e segue-me».
O rico possui muitas coisas, mas falta-lhe a única
que permite seguir Jesus de verdade. É bom, mas vive apegado ao seu
dinheiro. Jesus pede-lhe que renuncie à sua riqueza e a coloque a serviço
dos pobres. Só partilhando o que é seu com os necessitados poderá seguir Jesus
colaborando no Seu projeto.
O homem sente-se incapaz. Necessita de bem-estar.
Não tem forças para viver sem a sua riqueza. O seu dinheiro está acima
de tudo. Renuncia a seguir a Jesus. Tinha vindo a correr entusiasmado para
Ele. Agora se afasta triste. Não conhecerá nunca a alegria de colaborar com
Jesus.
A crise econômica convida-nos, aos seguidores de
Jesus, a dar passos para uma vida mais sóbria, para partilhar com
as pessoas necessitadas o que temos e simplesmente não precisamos para viver
com dignidade. Temos de nos fazer perguntas muito concretas se queremos seguir
Jesus nestes momentos.
A primeira é rever a nossa relação com o dinheiro:
que fazer com o nosso dinheiro? Para que poupar? Em que investir? Com quem
partilhar o que não necessitamos? Logo, rever o nosso consumo para fazê-lo mais
responsável e menos compulsivo e supérfluo: Que compramos? Onde compramos? Para
que compramos? A quem podemos ajudar a comprar o que necessitam?
São perguntas que devemos nos fazer no fundo da
nossa consciência e também nas nossas famílias,
comunidades cristãs e instituições da Igreja. Não faremos gestos heroicos, mas,
se damos pequenos passos nessa direção, conheceremos a alegria de seguir Jesus,
contribuindo para fazer a crise de alguns, um pouco mais humana e leve. Se não
é assim, iremos sentir-nos bons cristãos, mas à nossa religião faltará alegria.
Fonte: IHU –Comentário do Evangelho
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