“E eles disseram: Moisés permitiu escrever carta
de divórcio e repudiar.
Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações vos deixou ele escrito esse mandamento; porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, e serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”. (Mc 10, 4-9)
Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações vos deixou ele escrito esse mandamento; porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, e serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”. (Mc 10, 4-9)
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
WCejnóg
IHU
– ADITAL
05
outubro 2018
Contra
o poder do homem
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 10,2-16 que
corresponde ao 27° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Os fariseus colocam a Jesus uma
pergunta para o pôr à prova. Desta vez
não é uma questão sem importância, mas um fato que faz sofrer muito as mulheres
da Galileia e é motivo de vivas discussões entre os seguidores de diversas
escolas rabínicas: «É lícito ao marido separar-se da sua mulher?».
Não se trata do divórcio moderno que
conhecemos hoje, mas da situação em que vivia a mulher judia dentro do
matrimônio, controlado absolutamente pelo homem. Segundo a Lei de
Moisés, o marido podia quebrar o contrato matrimonial e expulsar de casa a sua
esposa. A mulher, pelo contrário, submetida em tudo ao homem, não podia fazer o
mesmo.
A resposta de Jesus surpreende a todos. Não entra nas discussões dos
rabinos. Convida a descobrir o projeto original de Deus, que
está acima das leis e normas. Esta lei «machista», em
concreto, impôs-se no povo judeu pela dureza de coração dos homens, que
controlam as mulheres e as submetem à sua vontade.
Jesus aprofunda o mistério original
do ser humano. Deus «criou-os homem e mulher». Os dois
foram criados em igualdade. Deus não criou o homem com poder sobre a
mulher. Não criou a mulher submetida ao homem. Entre homens e mulheres não tem
de haver domínio por parte de ninguém.
A partir desta estrutura original do
ser humano, Jesus oferece uma visão do matrimônio que vai mais além de
tudo o que é estabelecido pela Lei. Mulheres e homens se unirão para
«ser uma só carne» e iniciar uma vida partilhada numa mútua entrega, sem
imposição nem submissão.
Este projeto matrimonial é para Jesus
a suprema expressão do amor humano. O homem não tem direito algum de controlar
a mulher como se fosse o seu dono. A mulher não deve aceitar viver
submetida ao homem. É Deus mesmo quem os atrai a viver unidos por um
amor livre e gratuito. Jesus conclui de forma rotunda: «O que Deus uniu
que não o separe o homem».
Com esta posição, Jesus
destrói pela raiz o fundamento do patriarcado em todas as suas formas de
controle, submissão e imposição do homem sobre a mulher. Não só no
matrimônio, mas em qualquer instituição civil ou religiosa.
Temos de escutar a mensagem de
Jesus. Não é possível abrir caminhos para o reino de Deus e da sua
justiça sem lutar ativamente contra o patriarcado. Quando reagiremos
na Igreja com energia evangélica contra tanto abuso, violência e agressão do
homem sobre a mulher? Quando defenderemos a mulher da «dureza de coração» dos
homens?
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