“Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante
entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo
de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate por muitos". (Mc 10, 43-45)
A reflexão que trago hoje para o blog
Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito
concreta e atual. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Mc 10,35-45 (Os discópulos querem um lugar de
honra).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Muito
bom. Vale a pena ler.
WCejnóg
IHU – ADITAL
19 outubro 2018
Nada disso entre nós
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 10, 35-45 que
corresponde ao 29° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o
texto
Enquanto sobem para Jerusalém, Jesus
vai anunciando aos seus discípulos o destino doloroso que o
espera na capital. Os discípulos não o entendem. Estão disputando entre eles os
primeiros lugares. Santiago e João, discípulos desde a primeira hora,
aproximam-se dele para pedir-lhe diretamente sentar-se um dia “um à Tua
direita e o outro à Tua esquerda”.
Jesus fica desalentado: “Não
sabeis o que pedis”. Ninguém no grupo parece entender que segui-lo de perto
no seu projeto sempre será um caminho sem poder nem grandezas, mas de
sacrifício e de cruz.
Entretanto, ao ficarem sabendo do
atrevimento de Santiago e João, os outros dez indignam-se. O grupo está mais
agitado que nunca. A ambição os divide. Jesus reúne-os a todos para deixar
claro o seu pensamento.
Antes de tudo expõe-lhes o que
acontece aos povos do Império romano. Todos conhecem os abusos de Antipas e das
famílias herodianas na Galileia. Jesus resume assim: os que são reconhecidos
como chefes utilizam o seu poder para “tiranizar” os povos, e os grandes não
fazem senão “oprimir” os seus súditos. Jesus não pode ser mais categórico: “Vós,
nada disso”.
Jesus não quer ver entre os seus nada
semelhante: “O que queira ser grande entre vós que seja vosso servidor,
e o que queira ser primeiro entre vós que seja escravo de todos”. Na sua
comunidade não haverá lugar para o poder que oprime, só para o serviço que
ajuda. Jesus não quer chefes sentados à sua direita e esquerda, mas servidores
como Ele que dão a sua vida pelos demais.
Jesus deixa as coisas claras. Sua
Igreja não se constrói a partir da imposição dos de cima, mas a partir do
serviço dos que se colocam abaixo. Não cabe qualquer tipo de hierarquia em
termos de honras ou de domínio. Tampouco métodos e estratégias de poder. O
serviço é o que constrói a Igreja de Jesus.
Jesus dá tanta importância ao que
está a dizer que se coloca a si mesmo como exemplo, pois não veio ao mundo para
exigir que o sirvam, mas “para servir e dar a Sua vida em resgate por
todos”.
Jesus ensina-nos que ninguém triunfe
na Igreja, que não seja para servir o projeto do reino de Deus, dando a vida
pelos mais débeis e necessitados.
Os ensinamentos de Jesus não são só
para os dirigentes. Desde tarefas e responsabilidades diferentes temos de
comprometer-nos todos a viver com mais entrega ao serviço do seu projeto. Não
necessitamos na Igreja de imitadores de Santiago e João, mas de
seguidores fiéis de Jesus. Os que querem ser importantes, que se ponham a
trabalhar e a colaborar.
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