"O que você quer que eu lhe
faça? ", perguntou-lhe Jesus. O cego respondeu: "Mestre, eu quero
ver! "
"Vá", disse Jesus, "a sua fé o curou". Imediatamente ele recuperou a visão e seguia a Jesus pelo caminho.” (Mc 10, 51-52)
"Vá", disse Jesus, "a sua fé o curou". Imediatamente ele recuperou a visão e seguia a Jesus pelo caminho.” (Mc 10, 51-52)
A reflexão que trago hoje para o blog
Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito
concreta e atual. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Mc 10, 46-52
(O cego
Bartimeu).
Foi
publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Muito
boa. Não deixe de ler.
WCejnog
IHU
– ADITAL
26
outubro 2018
Com
olhos novos
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 10, 46-52, que corresponde
ao 30° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
A cura do cego Bartimeu está narrada por Marcos para urgir as comunidades cristãs a sair
da sua cegueira e mediocridade. Só assim seguirão Jesus pelo caminho do Evangelho.
O relato é de uma surpreendente atualidade para a Igreja dos nossos dias.
Bartimeu é “um mendigo cego sentado junto ao
caminho”. A sua vida sempre é de noite. Ouviu falar de Jesus, mas não conhece o
Seu rosto. Não pode segui-Lo. Está junto ao caminho por onde caminha Jesus, mas
está fora. Não é esta a nossa situação. Cristãos cegos sentados junto
ao caminho, incapazes de seguir Jesus?
Entre nós é de noite. Desconhecemos Jesus.
Falta-nos luz para seguir o Seu caminho. Ignoramos para onde se encaminha a
Igreja. Não sabemos sequer que futuro desejamos para ela. Instalados numa
religião que não consegue converter-nos em seguidores de Jesus, vivemos junto
ao Evangelho, mas fora. Que podemos fazer?
Apesar da sua cegueira, Bartimeu capta que Jesus
está a passar próximo Dele. Não hesita um instante. Algo lhe diz que em Jesus
está a sua salvação: “Jesus, Filho de David, tem compaixão de mim!”. Este grito
repetido com fé vai desencadear a sua cura.
Hoje se ouve na Igreja queixas e lamentos,
críticas, protestos e mútuas desqualificações. Não se
escuta a oração humilde e confiada do cego. Esquecemo-nos que só Jesus pode
salvar esta Igreja. Não percebemos a Sua presença próxima. Só acreditamos em
nós.
O cego não vê, mas sabe escutar a voz de Jesus, que
lhe chega através dos Seus enviados: “Ânimo, levanta-te, que te chama!”. Este é
o clima que necessitamos criar na Igreja. Animar-nos mutuamente a reagir. Não
seguir instalados numa religião convencional. Voltar a Jesus, que nos
está chamando. Este é o primeiro objetivo pastoral.
O cego reage de forma admirável: solta o manto que
lhe impede levantar-se, dá um salto no meio da obscuridade e aproxima-se de
Jesus. Do seu coração apenas brota uma petição: “Mestre, que recupere a vista”.
Se os seus olhos se abrem, tudo mudará. O relato conclui dizendo que o cego
recuperou a vista e “o seguia pelo caminho”.
Esta é a cura que necessitamos hoje os cristãos. O
salto qualitativo que pode mudar a Igreja. Se muda o nosso modo de
olhar Jesus, se lemos o Seu Evangelho com olhos novos, se captamos a
originalidade da Sua mensagem e nos apaixonamos com o Seu projeto de um mundo
mais humano, a força de Jesus irá arrastar-nos. As nossas comunidades
conhecerão a alegria de viver seguindo-O de perto.
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