“E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os
mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás,
pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo
o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E
o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há
outro mandamento maior do que estes.”
(Mc 12, 29-31)
Hoje, uma
boa reflexão, muito atual e importante. Como pano de fundo tem o texto bíblico Mc 12, 28-34 (O mandamento mais importante). É de autoria do padre e teólogo espanhol José
Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e meditar sobre
esse assunto.
WCejnóg
IHU - ADITAL
02 Novembro 2018
Ateísmo artificial
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 12,28-34 que
corresponde ao 31° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
No Brasil celebra-se a Solenidade
de Todos os Santos.
Eis o
texto
São bastantes os que durante estes
anos passaram de uma fé ligeira e superficial em Deus a um ateísmo
igualmente frívolo e irresponsável. Há quem eliminou de
sua vida toda a prática religiosa e se desligou de qualquer relação com uma
comunidade crente. Mas isso é suficiente para resolver com seriedade a postura
pessoal diante do mistério último da vida?
Há quem diga que não acredita na
Igreja nem “nos inventos dos padres”, mas acredita em Deus. No
entanto, que significa acreditar num Deus de quem nunca se recorda, com quem
nunca se dialoga, a quem não se escuta, de quem não se espera nada com alegria?
Outros proclamam que já é
hora de aprender a viver sem Deus, enfrentando a vida com maior dignidade e
personalidade. Mas, quando se observa de perto a sua vida, não é fácil ver como
o abandono de Deus o ajudou concretamente a viver uma vida mais digna e
responsável.
Muitos fabricaram a sua
própria religião e construíram uma moral própria à sua medida. Nunca
procuraram outra coisa senão situar-se com certa comodidade na vida, evitando
todas as interrogações que pudessem questionar seriamente a sua existência.
Alguns não saberiam dizer se
acreditam em Deus ou não. Na realidade, não entendem para que possa servir
isso. Eles vivem tão ocupados em trabalhar e desfrutar, tão
distraídos com os problemas de cada dia, os programas de televisão e as
revistas do fim de semana, que Deus não tem lugar nas suas vidas.
Mas estaríamos enganados, os crentes,
se pensássemos que este ateísmo frívolo se encontra apenas nessas pessoas que
se atrevem a dizer em voz alta que não acreditam em Deus. Este ateísmo pode
estar penetrando também nos corações dos que nos chamamos crentes: às vezes
nós mesmos sabemos que Deus não é o único Senhor da nossa vida, nem sequer o
mais importante.
Façamos apenas uma prova. Que
sentimos no mais íntimo da nossa consciência, quando escutamos devagar,
repetidas vezes e com sinceridade estas palavras? “Escuta: o Senhor, nosso
Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com
toda a tua alma, com toda a tua mente, com todas as tuas forças”. Que
espaço ocupa Deus no meu coração, na minha alma, na minha mente, em todo o meu
ser?
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