“Os céus e a terra passarão, mas as
minhas palavras jamais passarão. Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os
anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai.” (Mc 13, 31-32)
A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania,
do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é bem concreta e interessante.
Tem como
pano de fundo o texto bíblico Mc 13,
24-32 (Os últimos tempos).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale
a pena ler.
WCejnog
IHU – ADITAL
15 Novembro 2018
Ninguém sabe o dia
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 13,24-32 que
corresponde ao 33° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
O melhor conhecimento da linguagem apocalíptica, construído
de imagens e recursos simbólicos para falar do fim do mundo,
permite-nos hoje escutar a mensagem de esperança de Jesus sem cair na tentação
de semear angústia e terror nas consciências.
Um dia, a história apaixonante do ser humano sobre
a terra chegará ao seu final. Esta é a convicção firme de Jesus. Esta é também
a previsão da ciência atual. O mundo não é eterno. Esta vida
acabará. Que será de nossas lutas e trabalhos, de nossos esforços e aspirações?
Jesus fala com sobriedade. Não quer alimentar
nenhuma curiosidade mórbida. Corta qualquer tentativa de especular com
cálculos, datas ou prazos. «Ninguém sabe o dia ou a hora..., só o Pai». Nada de
psicose diante do final. O mundo está em boas mãos. Não caminhamos para o caos.
Podemos confiar em Deus, nosso Criador e Pai.
A partir desta confiança total, Jesus expõe sua
esperança: a criação atual terminará, mas será para abrir a passagem a
uma nova criação, que terá por centro a Cristo ressuscitado. É
possível acreditar numa coisa tão grandiosa? É possível falar assim antes que
alguma coisa tenha acontecido?
Jesus recorre a imagens que todos podem entender.
Um dia o sol e a lua que hoje iluminam a terra e tornam possível a vida irão
apagar-se. O mundo ficará às escuras. Se apagará também a história da
humanidade? Terminarão assim nossas esperanças?
Segundo a versão de Marcos, no meio dessa noite
será possível ver o «Filho do homem», ou seja, a Cristo Ressuscitado, que virá
«com grande poder e glória». Sua luz salvadora iluminará tudo. Ele
será o centro de um mundo novo, o princípio de uma humanidade renovada para
sempre. Jesus sabe que não é fácil crer em suas palavras. Como pode provar que
as coisas acontecerão assim?
Com uma simplicidade surpreendente convida a viver esta vida como uma primavera. Todos conhecem a experiência: a vida que parecia morta durante o inverno começa a despertar; nas ramas da figueira brotam de novo pequenas folhas. Todos sabem que o verão está perto.
Esta vida que agora conhecemos é como a primavera.
Todavia não é possível colher. Não
podemos obter realizações definitivas. Mas há pequenos sinais da vida
que está em gestação. Nossos esforços por um mundo melhor não se perderão.
Ninguém sabe o dia, mas Jesus virá. Com a sua vinda irá revelar-se o mistério
último da realidade, que os crentes chamamos Deus. A nossa história apaixonante
chegará à sua plenitude.
Fonte: IHU –Comentário do Evangelho
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