"Então,
você é rei!", disse Pilatos. Jesus respondeu: "Tu dizes que sou
rei. De fato, por esta razão nasci e para isto vim ao mundo: para testemunhar
da verdade. Todos os que são da verdade me ouvem". (Jo 18,37)
A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreta e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 18, 33-37 (Jesus interrogado por Herodes).
A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreta e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 18, 33-37 (Jesus interrogado por Herodes).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas
Unisinos (IHU).
Muito bom. Não deixe de ler.
WCejnog
IHU
– ADITAL
23
Nov 2018
O
decisivo
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo João 18,33-37 que corresponde à
Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, ciclo B, do Ano Litúrgico. O
teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
O julgamento contra Jesus teve lugar
provavelmente no palácio em que residia Pilatos quando ia a Jerusalém. Ali se
encontram numa manhã de abril do ano 30 um réu indefeso chamado Jesus e o
representante do poderoso sistema imperial de Roma.
O evangelho de João relata o diálogo entre
ambos. Na realidade, mais que um interrogatório, parece um discurso de Jesus
para esclarecer alguns temas que interessam muito ao evangelista. Num
determinado momento, Jesus faz esta solene proclamação: “Eu para isto nasci e
para isto vim ao mundo: para ser testemunha da verdade”. “Todo o que pertence à
verdade escuta a minha voz.”
Esta afirmação recolhe um traço básico que
define a trajetória profética de Jesus: sua vontade de viver na verdade de
Deus. Jesus não só diz a verdade, mas procura a verdade, e só a verdade
de um Deus que quer um mundo mais humano para todos seus filhos.
Por isso Jesus fala com autoridade, mas sem
falsos autoritarismos. Fala com sinceridade, mas sem dogmatismos. Não fala
como os fanáticos, que tratam de impor a sua verdade. Tampouco como os
funcionários, que a defendem por obrigação, apesar de não acreditarem nela. Não
se sente nunca guardião da verdade, mas testemunha.
Jesus não converte a verdade de Deus em
propaganda. Não a utiliza em proveito próprio, mas em defesa dos pobres.
Não tolera a mentira ou o encobrimento das injustiças. Não suporta as manipulações.
Jesus converte-se assim em “voz dos sem voz, e voz contra os que têm demasiada
voz” (Jon Sobrino).
Esta voz é mais necessária que nunca nesta
sociedade apanhada numa grave crise econômica. A ocultação da verdade é um
dos mais firmes pressupostos da atuação dos poderes financeiros e da gestão
política submetida às suas exigências. Querem fazer viver a crise na mentira.
Faz-se todo o possível para ocultar a
responsabilidade dos principais causadores da crise e ignora-se de forma
perversa o sofrimento das vítimas mais débeis e indefesas. É urgente
humanizar a crise colocando no centro de atenção a verdade dos que sofrem e a
atenção prioritária à sua situação cada vez mais grave.
É a primeira verdade exigível a todos se não
queremos ser inumanos. O primeiro dado prévio a tudo. Não podemos acostumar-nos
à exclusão social e à desesperança em que estão caindo os mais débeis. Os que
seguimos Jesus, temos de escutar sua voz e sair instintivamente em defesa dos
últimos. Quem é da verdade escuta sua voz.
Fonte: IHU - Comentário do Evangelho
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