“Chamando
a si os seus discípulos, Jesus declarou: "Afirmo que esta viúva pobre
colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros. Todos deram do que
lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver".
(Mc 12, 43-44)
Abaixo está uma reflexão muito boa,
do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Em foco o
texto bíblico Mc 12, 38-44 (a oferta
dos ricos e da viúva).
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
09
Novembro 2018.
O
melhor da Igreja
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 12,38-44 que
corresponde ao 32° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
O contraste entre as duas cenas não pode ser mais
forte. Na primeira, Jesus coloca as pessoas em guarda frente aos dirigentes
religiosos: «Cuidado com os mestres da Lei!», o seu comportamento
pode fazer muito mal. Na segunda, chama os Seus discípulos para que tomem nota
do gesto de uma viúva pobre: as pessoas simples podem ensinar-lhes a viver o
Evangelho.
É surpreendente a linguagem dura e certeira que usa
Jesus para desmascarar a falsa religiosidade dos escribas. Não pode suportar a sua vaidade e o seu afã de ostentação. Procuram
vestir de modo especial e ser saudados com reverência para sobressair sobre os
demais, impor-se e dominar.
A religião serve para alimentar a sua fatuidade. Fazem «longas orações» para impressionar. Não criam comunidade,
pois se colocam acima de todos. No fundo só pensam em si mesmos. Vivem
aproveitando-se das pessoas débeis, as que deveriam servir.
Marcos não recolhe as palavras de Jesus para
condenar os escribas que havia no Templo de Jerusalém antes da sua destruição,
mas para colocar em guarda as comunidades cristãs para quem escreve. Os
dirigentes religiosos devem ser servidores da comunidade. Nada mais. Se o
esquecem, são um perigo para todos. É preciso reagir para que não provoquem
estragos.
Na segunda cena, Jesus está sentado frente à arca
das oferendas. Muitos ricos vão deitando quantidades importantes: são os que
sustentam o Templo. De repente aproxima-se uma mulher. Jesus observa que deita
duas pequenas moedas de cobre. É uma viúva pobre, maltratada pela vida,
só e sem recursos. Provavelmente vive mendigando junto ao Templo.
Comovido, Jesus chama rapidamente os Seus
discípulos. Não devem esquecer o gesto desta mulher, pois, mesmo passando
necessidades, «depositou tudo o que tinha para viver». Enquanto os mestres
vivem aproveitando-se da religião, esta mulher desprende-se pelos outros,
confiando totalmente em Deus.
O seu gesto mostra-nos o coração da verdadeira
religião: grande confiança em Deus, gratuidade surpreendente,
generosidade e amor solidário, simplicidade e verdade. Não conhecemos o
nome desta mulher nem o seu rosto. Só sabemos que Jesus viu nela um modelo para
os futuros dirigentes da sua Igreja.
Também hoje tantas mulheres e homens de fé simples
e coração generoso são o melhor que temos na Igreja. Não escrevem livros nem pronunciam sermões, mas são os que mantêm vivo
entre nós o Evangelho de Jesus. É deles que temos de aprender, os presbíteros e
os bispos.
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