Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 23 de dezembro de 2018

“Diante do mistério do menino” – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



O anjo, porém, disse aos pastores: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura”.  E, de repente, juntou-se ao anjo uma multidão da corte celeste. Cantavam louvores a Deus, dizendo: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados”. (Lc 2, 10-14)



NATAL


A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 2, 1-14 (Anjos anunciam aos pastores que nasceu Jesus).

Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).


Muito boa. Vale a pena ler e refletir.
WCejnóg






IHU – ADITAL

20 dezembro 2018


Diante do mistério do menino



A leitura que a Igreja propõe para celebrar esta Noite do Natal é o Evangelho segundo Lucas 2,1-14, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 



Eis o texto



Os homens acabam por se habituar a quase tudo. Frequentemente, o hábito e a rotina vão esvaziando de vida a nossa existência. Dizia Ch. Péguy que «há algo pior do que ter uma alma perversa, é ter uma alma habituada a quase tudo». É por isso que não podemos nos surpreender que a celebração do Natal, envolta em superficialidade e consumismo louco, dificilmente diga algo novo ou alegre para tantos homens e mulheres de «alma acostumada».



Estamos acostumados a ouvir que «Deus nasceu num portal de Belém». Já não nos surpreende nem comove um Deus que se oferece como uma criança. A. Saint-Exupéry diz no prólogo de seu delicioso Principezinho: «Todas as pessoas crescidas foram crianças antes. Mas poucos se lembram». Esquecemos o que é ser criança. E esquecemos que o primeiro olhar de Deus ao se aproximar do mundo foi o olhar de uma criança.



Mas essa é precisamente a grande novidade do Natal. Deus é e continua sendo Mistério. Mas agora sabemos que não é um ser tenebroso, inquietante e temível, mas alguém que nos é próximo, indefeso, afetuoso, a partir da ternura e da transparência de uma criança.



E esta é a mensagem do Natal. Há que sair ao encontro desse Deus, devemos mudar o coração, tornar-nos crianças, nascer de novo, recuperar a transparência do coração, abrir-nos com confiança à graça e ao perdão.



Apesar da nossa terrível superficialidade, do nosso ceticismo e desencanto, e acima de tudo, o nosso inconfessável egoísmo e mesquinhez de «adulto», sempre há nos nossos corações um recanto íntimo onde ainda não deixamos de ser crianças.



Atrevamo-nos por uma vez a olhar-nos com simplicidade e sem reservas. Façamos um pouco de silêncio ao nosso redor. Apaguemos a televisão. Esqueçamos a nossa pressa, os nervosismos, as compras e os compromissos.



Escutemos dentro de nós esse «coração de criança» que ainda não se fechou à possibilidade de uma vida mais sincera, bondosa e confiante em Deus. É possível que começássemos a ver a nossa vida de outra forma. «Não se vê bem senão com o coração. O essencial é invisível aos olhos» (A. Saint-Exupéry).



E, acima de tudo, é possível que escutemos uma chamada para renascer para uma nova fé. Uma fé que não seja estagnada, mas rejuvenesça; que não nos encerre em nós mesmos, mas nos abra; que não separe mas una; que não tem medo, mas que confia; que não entristeça, mas que ilumine; que não tema mas que ame.





Nenhum comentário:

Postar um comentário