Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

“Mulheres crentes”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!



Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o bebê agitou-se em seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.  Em alta voz exclamou: ‘Bendita é você entre as mulheres, e bendito é o filho que você dará à luz!  Mas por que sou tão agraciada, ao ponto de me visitar a mãe do meu Senhor? Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, o bebê que está em meu ventre agitou-se de alegria. Feliz é aquela que creu que se cumprirá aquilo que o Senhor lhe disse!’. ”  (Lc 1, 41-45)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreta e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 1, 39-45  (Maria visita a sua prima Isabel).
Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Muito bom. Vale a pena ler.
WCejnóg


IHU – ADITAL
20 Dezembro 2018.

Mulheres crentes

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,39-45 que corresponde ao 4° Domingo de Advento, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Depois de receber a chamada de Deus, anunciando que ela será a mãe do Messias, Maria põe-se a caminho sozinha. Começa para ela uma nova vida, ao serviço do Seu Filho Jesus. Marcha “rápido”, com decisão. Ela sente a necessidade de partilhar a sua alegria com a sua prima Isabel e de pôr-se ao seu serviço o quanto antes nos últimos meses de gravidez.

O encontro entre as duas mães é uma cena incomum. Não estão presentes os homens. Apenas duas mulheres simples, sem qualquer título ou relevância na religião judaica. Maria, que carrega Jesus com ela para todos os lugares, e Isabel, que, cheia de espírito profético ousa abençoar a sua prima em nome de Deus.

Maria entra na casa de Zacarias, mas não se dirige a ele. Vai diretamente saudar Isabel. Nada sabemos do conteúdo da sua saudação. Apenas aquela saudação enche a casa com uma alegria transbordante. É a alegria que Maria vive desde que ouviu a saudação do Anjo: “Alegra-te cheia de graça”.

Isabel não pode conter a sua surpresa e sua alegria. Quando ouve a saudação de Maria, sente os movimentos da criança que carrega em seu ventre e interpreta-os maternalmente como “saltos de alegria”. Imediatamente abençoa Maria “com a voz em grito” dizendo: “Bem-aventurada és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”.

Em nenhum momento chama Maria pelo seu nome. Contempla-a totalmente identificada com a sua missão: é a mãe do seu Senhor. Vê-a como uma mulher crente, na qual se irão cumprindo os desígnios de Deus: “Abençoada porque acreditaste”.

O que mais a surpreende é a atuação de Maria. Não veio para mostrar sua dignidade de mãe do Messias. Não está ali para ser servida, mas para servir. Isabel não sai do seu assombro. “Quem sou eu para que me visite a mãe do meu Senhor?” Há muitas mulheres que não vivem pacificamente dentro da Igreja. Em algumas cresce o desafeto e o mal-estar. Sofrem quando percebem que, apesar de serem as primeiras colaboradoras em muitos campos, dificilmente são levadas em conta para pensar, decidir e promover a marcha da Igreja. Essa situação está a fazer mal a todos.

O peso de uma história multissecular, controlada e dominada pelos homens, impede-nos de tomar consciência do empobrecimento que significa para a Igreja prescindir de uma presença mais efetiva das mulheres. Nós não as escutamos, mas Deus pode despertar mulheres crentes, cheias de espírito profético, que nos podem dar alegria e dar à Igreja uma face mais humana. Serão uma bênção. Elas nos ensinarão a seguir Jesus com mais paixão e fidelidade.


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