“E, quando acabou de falar, (Jesus) disse a Simão:
Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar. E, respondendo
Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas,
sobre a tua palavra, lançarei a rede. E, fazendo assim, colheram uma grande
quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede.” (Lc 1, 4-6 )
Hoje, uma
excelente reflexão, muito concreta e atual. Como pano de fundo tem o texto bíblico Lc 5, 1-11 (Pesca milagrosa). É de
autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU – ADITAL
07 Fevereiro 2019
A força do Evangelho
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho
de Jesus Cristo segundo Lucas 5,1-11 que corresponde ao 5° Domingo de Tempo
Comum, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto.
Eis o texto
O episódio de uma pesca surpreendente e
inesperada no lago da Galileia foi relatado pelo evangelista Lucas para
encorajar a Igreja quando sente que todos os seus esforços para comunicar sua
mensagem falham. O que nos é dito é muito claro: devemos colocar nossa
esperança na força e atratividade do Evangelho.
A história começa com uma cena insólita.
Jesus está em pé na margem do lago, e as pessoas vão-se aglomerando à volta
Dele para ouvir a Palavra de Deus. Não veem movidas pela curiosidade. Não se
aproximam para ver prodígios. Eles só querem ouvir de Jesus a Palavra de Deus.
Não é sábado. Eles não estão reunidos na sinagoga
próxima de Cafarnaum para ouvir as leituras que são lidas às pessoas durante
todo o ano. Eles não subiram a Jerusalém para ouvir os sacerdotes do Templo. O
que os atrai tanto é o Evangelho do Profeta Jesus, rejeitado pelos vizinhos de
Nazaré.
Também a cena da pesca é insólita. Quando à
noite, na hora mais favorável para pescar, Pedro e seus companheiros trabalham
por sua conta, não obtêm resultados. Quando, de dia, eles lançam suas redes
confiando apenas na palavra de Jesus que guia seu trabalho, produz-se uma pesca
abundante, contra todas as suas expectativas.
Na análise dos dados que mostram cada vez mais
evidente a crise do cristianismo entre nós, há um fato inegável: a Igreja
está perdendo de forma imparável o poder de atração e de credibilidade que
ela tinha apenas alguns anos atrás. Não nos devemos enganar.
Nós, cristãos, temos verificado que nossa
capacidade de transmitir a fé às novas gerações diminui constantemente. Não
tem havido falta de esforços e iniciativas. Mas, aparentemente, não se trata
apenas nem primordialmente de inventar novas estratégias.
Chegou o momento de lembrar que no Evangelho de
Jesus há uma força de atração que não há em nós. Esta é a questão mais
decisiva: continuamos a «fazer as coisas» a partir de uma Igreja que está a
perder a atratividade e a credibilidade, ou colocamos todas as nossas energias
na recuperação do Evangelho como a única força capaz de gerar fé nos homens e
mulheres de hoje? Não deveríamos colocar o Evangelho no primeiro plano de
tudo?
O mais importante nestes momentos críticos não são
as doutrinas elaboradas ao longo dos séculos, mas a vida e a pessoa de Jesus. O
decisivo não é que as pessoas venham participar das nossas coisas, mas que
possam entrar em contato com Ele. A fé cristã só se desperta quando as pessoas
encontram testemunhas que irradiam o fogo de Jesus.
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