Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

“Felicidade”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!



“Então ele ergueu os olhos para os seus discípulos e disse: Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis fartos! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis!

Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos ultrajarem, e quando repelirem o vosso nome como infame por causa do Filho do Homem! Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu. Era assim que os pais deles tratavam os profetas.

Mas ai de vós, ricos, porque tendes a vossa consolação! Ai de vós, que estais fartos, porque vireis a ter fome! Ai de vós, que agora rides, porque gemereis e chorareis! Ai de vós, quando vos louvarem os homens, porque assim faziam os pais deles aos falsos profetas!".  (Lc 9,20-26)


Abaixo, uma bonita reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 6, 17.20-26  (Felicidade e infelicidade). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg



IHU – ADITAL

15 fevereiro 2019



Felicidade



A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 6,17.20-26 que corresponde ao 6° Domingo de Tempo Comum, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 



Eis o texto



Pode-se ler e ouvir cada vez mais notícias otimistas sobre a superação da crise e a recuperação progressiva da economia. Dizem-nos que já estamos assistindo a um crescimento econômico, mas, crescimento de quê? Crescimento para quem? Dificilmente somos informados da verdade completa do que acontece.



A recuperação econômica em curso está consolidando e até perpetuando a chamada «sociedade dual». Um crescente abismo vai-se abrindo entre os que vão melhorar o seu nível de vida cada vez com maior segurança e aqueles que serão deixados para trás, sem trabalho nem futuro nesta vasta operação econômica.



De fato, ao mesmo tempo, aumenta o consumo ostentoso e provocativo dos que são cada vez mais ricos e a miséria e insegurança dos cada vez mais pobres.



A parábola do homem rico «que se vestia de púrpura e linho e que se banqueteava sumptuosamente todos os dias» e do pobre Lázaro que procurava sem conseguir, para saciar o seu estômago, o que deitavam fora da mesa do rico, é uma crua realidade da sociedade dual.



Entre nós existem esses «mecanismos econômicos, financeiros e sociais» denunciados por João Paulo II, «que, embora manejados pela vontade dos homens, trabalharam quase automaticamente, tornando mais rígidas as situações de riqueza de uns e as de pobreza de outros».



Mais uma vez estamos consolidando uma sociedade profundamente desigual e injusta. Nessa encíclica tão lúcida e evangélica que é Sollicitudo Rei Socialis, tão pouco ouvida, inclusive por aqueles que constantemente o vitoriam, João Paulo II descobriu na raiz desta situação algo que só tem um nome: o pecado.



Podemos dar todos os tipos de explicações técnicas, mas quando o resultado é o enriquecimento cada vez maior dos já ricos e o afundamento dos mais pobres, aí se está a consolidar a falta de solidariedade e a injustiça.



Nas Bem-aventuranças, Jesus adverte que um dia se inverterá o destino dos ricos e dos pobres. É fácil que também hoje sejam muitos os que seguindo Nietzsche, pensam que a atitude de Jesus é fruto do ressentimento e impotência de quem, não podendo obter mais justiça, pede a vingança de Deus.



No entanto, a mensagem de Jesus não nasce da impotência de um homem derrotado e ressentido, mas da sua visão intensa da justiça de Deus, que não pode permitir o triunfo final da injustiça.



Vinte séculos se passaram, mas a palavra de Jesus continua a ser decisiva para os ricos e para os pobres. Palavra de denúncia para alguns e promessa para outros, ainda está viva e interpela-nos a todos.





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