"Tornou,
pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta
das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas
as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim,
salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.” (Jo, 10,7-9)
Hoje, uma
excelente reflexão, muito concreta e atual. Como pano de fundo tem o texto
bíblico Jo 10, 1-10 (Jesus é a porta das ovelhas). O texto é de autoria do padre e
teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicado na no site do Instituto
Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
01
Maio 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo João 10,1-10 que corresponde ao Quarto
Domingo da Páscoa, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio
Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Jesus propõe a um grupo de fariseus um relato
metafórico no qual critica com dureza os dirigentes religiosos de
Israel. A cena é tirada da vida pastoral. O rebanho está recolhido dentro de um
redil, rodeado por uma cerca ou muro pequeno, enquanto um guarda vigia o
acesso. Jesus centra precisamente a sua atenção naquela «porta» que lhe permite
chegar às ovelhas.
Há duas formas de entrar no redil. Tudo
depende do que se pretende fazer com o rebanho. Se alguém se aproxima do redil
e «não entra pela porta», mas pula «por outro lado», é evidente que não é o
pastor. Não vem para cuidar do seu rebanho. É «um estranho» que vem «roubar,
matar e fazer mal».
A atuação do verdadeiro pastor é muito diferente.
Quando se aproxima do redil, «entra pela porta», chama as ovelhas pelo nome e
elas atendem à sua voz. Tira-as para fora e, quando as reúne todas, coloca-se à
frente e caminha à frente delas até aos pastos onde se poderão
alimentar. As ovelhas seguem-no porque reconhecem a sua voz.
Que segredo se esconde nessa «porta» que legitima
os verdadeiros pastores que passam por ela e desmascara os estranhos que entram
«por outro lado», não para cuidar do rebanho, mas para fazer-lhe mal? Os fariseus
não entendem de que lhes está falando aquele Mestre.
Então Jesus dá-lhes a chave do relato:
«Asseguro-vos que sou a porta das ovelhas». Aqueles que entram no caminho
aberto por Jesus e continuam a viver seu evangelho são verdadeiros pastores:
saberão alimentar a comunidade cristã. Quem entra no redil deixando Jesus de
lado e ignorando a sua causa são pastores estranhos: farão mal ao povo cristão.
Em não poucas igrejas, todos estamos sofrendo
muito: os pastores e o povo de Deus. As relações entre a hierarquia e o povo
cristão são frequentemente vividas de forma receosa, crispada e conflitiva: há
bispos que se sentem rejeitados; há setores cristãos que se sentem
marginalizados.
Seria demasiado fácil atribuir tudo ao autoritarismo
abusivo da hierarquia ou à inaceitável insubmissão dos fiéis. A raiz é mais
profunda e complexa. Criamos entre todos uma situação difícil. Perdemos
a paz. Vamos necessitar cada vez mais de Jesus.
Temos que fazer crescer entre nós o respeito
mútuo e a comunicação, o diálogo e a busca sincera da verdade evangélica.
Necessitamos respirar quanto antes um clima mais amigável na Igreja. Não
sairemos desta crise se não voltamos todos ao espírito de Jesus. Ele é «a
porta».
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