"Mas ele respondeu a um deles: ‘Amigo, não
estou sendo injusto com você. Você não concordou em trabalhar por um denário?
Receba o que é seu e vá. Eu quero dar ao que foi contratado por último o mesmo
que lhe dei. Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou
você está com inveja porque sou generoso? ’
"Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos". (Mt 20, 13-16)
Abaixo, uma excelente reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 20, 1-16 (A justiça do Reino de Deus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).Vale a pena ler!
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IHU - ADITAL
18 Setembro 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho
de Mateus capítulo 20,1-16, que corresponde ao 25° Domingo do ciclo A do
Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto.
Sem dúvida, é uma das parábolas mais surpreendentes e provocadoras de Jesus. Costumava chamar-se «parábola dos trabalhadores da vinha». No entanto, o protagonista é o proprietário da vinha. Alguns investigadores chamam-lhe hoje «parábola do empregador que queria trabalho e pão para todos».
Esse homem sai pessoalmente à praça para contratar vários grupos de trabalhadores. Os primeiros, às seis da manhã, outros às nove, mais tarde ao meio dia e às três da tarde. Os últimos são contratados às cinco da tarde, quando só falta uma hora para terminar a jornada.
Sua conduta é estranha. Não parece motivado pela vindima. O que quer é que aquelas pessoas não fiquem sem trabalho. Por isso, sai inclusive na última hora para dar trabalho àqueles que ninguém chamou. E por isso, no final da jornada, dá a todos o denário que necessitam para jantar nessa noite, mesmo aqueles que não o mereceram. Quando os primeiros protestam, esta é a sua resposta: «Vão ter inveja porque sou bom?».
O que está Jesus sugerindo? Será que Deus não atua com os critérios de justiça e igualdade que nós utilizamos? Seria verdade que, mais do que estar medindo os méritos das pessoas, Deus procura responder às nossas necessidades?
Não é fácil acreditar nessa bondade insondável de Deus da qual fala Jesus. Mais de um pode se escandalizar de que Deus seja bom com todos, sejam eles merecedores ou não, sejam crentes ou agnósticos, invoquem seu nome ou vivam de costas para Ele. Mas Deus é assim. E o melhor é deixar Deus ser Deus, sem o diminuirmos com as nossas ideias e esquemas.
A imagem que não poucos cristãos fazem de Deus é um «conglomerado» de elementos heterogêneos e até contraditórios. Alguns aspectos vêm de Jesus, outros do Deus justiceiro do Antigo Testamento, outros dos seus próprios medos e fantasmas. Então, a bondade de Deus com todas as suas criaturas fica perdida ou distorcida.
Uma das tarefas mais importantes em uma comunidade cristã será sempre aprofundar cada vez mais na experiência de Deus vivida por Jesus. Somente as testemunhas desse Deus colocam uma esperança diferente no mundo.
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