‘Então
Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: "Senhor, quantas vezes deverei
perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? "
Jesus respondeu: "Eu lhe digo: não até sete, mas até setenta vezes sete”.’
(Mt 18, 21-22)
Hoje trago para este espaço uma relevante reflexão, bem atual, que pode-nos ajudar a entender melhor a importância e o sentido do perdão. Como base desta reflexão temos aqui o texto bíblico Mt 18, 21-35 (Perdoar sempre!) . É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU – ADITAL
11
Setembro 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho
de Mateus capítulo 18,21-35, que corresponde ao 24° Domingo do ciclo A do
Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto.
As grandes escolas de psicoterapia mal estudaram a
força curativa do perdão. Até muito recentemente, os psicólogos não lhe
concediam um papel no crescimento de uma personalidade saudável. Pensava-se
erroneamente – e ainda se pensa – que o perdão é uma atitude puramente
religiosa.
Por outro lado, a mensagem do cristianismo
reduziu-se com frequência a exortar as pessoas a perdoar com generosidade,
fundamentando esse comportamento no perdão que Deus nos concede, mas sem
ensinar muito mais sobre os caminhos que devem ser seguidos para chegar a
perdoar de coração. Não é, pois, estranho que existam pessoas que ignorem quase
tudo sobre o processo de perdão.
No entanto, o perdão é necessário para se conviver
de forma saudável: na família, onde o atrito da vida cotidiana pode gerar
frequentes tensões e conflitos; na amizade e no amor, onde se deve saber agir
ante humilhações, enganos e infidelidades possíveis; em múltiplas situações da
vida, nas quais temos de reagir ante agressões, injustiças e abusos.
Quem não sabe perdoar pode ficar ferido para sempre.
Há algo que é necessário aclarar desde o início.
Muitos acreditam que são incapazes de perdoar porque confundem raiva com a
vingança. A raiva é uma reação saudável de irritação à ofensa, à agressão ou à
injustiça sofrida: o indivíduo revolta-se de forma quase instintiva para
defender a sua vida e a sua dignidade. Pelo contrário, o ódio, o
ressentimento e a vingança vão além dessa primeira reação; a pessoa vingativa
procura fazer mal, humilhar e até destruir a quem lhe fez mal.
Perdoar não significa necessariamente reprimir a raiva. Pelo contrário, reprimir esses primeiros sentimentos pode ser prejudicial se a pessoa acumula no seu interior uma ira que mais tarde se desviará para outras pessoas inocentes ou para si mesma. É mais saudável reconhecer e aceitar a raiva, partilhando talvez a raiva e a indignação com alguém.
Então será mais fácil serenar-se e tomar a
decisão de não continuar a alimentar o ressentimento nem as fantasias de
vingança, para não nos fazermos mais mal.
A fé num Deus perdoador é, então, para o crente, um
estímulo e uma força inestimáveis. Aqueles que vivem do amor incondicional de
Deus resulta-lhes mais fácil perdoar.
Fonte: IHU – Comentário do Evangelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário